Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

sábado, 30 de outubro de 2010

O BOM USO DOS TALENTOS

14  Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens.
15  A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu.
16  O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco.
17  Do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois.
18  Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19  Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles.
20  Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco, dizendo: Senhor, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei.
21  Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
22  E, aproximando-se também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, dois talentos me confiaste; aqui tens outros dois que ganhei.
23  Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
24  Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste,
25  receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.
26  Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei?
27  Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu.
28  Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez.
29  Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.
30  E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes (Mt 25.14-30).
Introdução
A parábola dos talentos é uma das mais lindas ilustrações acerca de princípios do reino de Deus, em relação ao serviço que prestamos a Ele. Ela fala de oportunidades, privilégios e mordomia em relação a sua obra. Jesus se auto-representa na parábola como um dono de terras que tem que se ausentar e confia aos seus servos o trabalho em sua propriedade.
O trabalho seria feito sem nenhuma fiscalização do patrão. Somente no final é que haveria o acerto de contas. A eles caberiam trabalhar com toda a liberdade. Isso se refere a liberdade que cada um de nós temos para trabalhar para o Reino de Deus aqui na Terra. Aparentemente não há uma fiscalização, pois cada um de nós faz do jeito que entende que deve ser feito, mas o acerto de contas de nossa mordomia e trabalho será mais à frente. Isso não significa que o Senhor não está vendo as coisas erradas acontecendo. Ele vê, mas não interfere.
Um talento era uma quantidade ou um peso de ouro ou prata, de aproximadamente 34,272 Kg. Se os talentos da parábola fossem os de prata, cada um deles valeria perto de seis mil denários (60.000 dólares). Um denário correspondia à diária de um trabalhador (dez dólares). A palavra talento na história contada por Jesus tem o sentido de: “fé e capacidades que Deus concede aos crentes, que implicam em uma compreensão do amor de Deus revelado em Cristo”. É nessa visão que estudares está parábola que tanto tem a nos ensinar.
1 – AS CONDIÇÕES PARA A ENTREGA DOS TALENTOS.
14  Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens.
15  A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu.
A – Ser servo
Os homens que receberam os talentos não eram banqueiros nem financistas, mas servos que trabalhavam para aquele senhor. Os servos não têm direito algum sobre os talentos recebidos. Eles são escravos, e os talentos pertencem ao seu senhor. Entregar-lhes esses talentos é um ato de bondade e confiança de seu senhor.
Todo crente tem grande prazer em declarar que é um servo(a) de Deus, mas nem todos refletem nos privilégi­os que isto encerra, na importância que isto confere e na responsabilidade que isto significa. O privilégio consiste em o crente ser filho de Deus pela fé em Jesus e fazer parte da família de Deus. A importância do cren­te como servo de Deus, destaca-se ao fato de considerarmos Cristo ser cha­mado de Servo de Deus, o que nos faz contemplar a vida e o trabalho de Jesus como Servo Modelo. Quanto à responsabilidade do crente como servo de Deus, está a sua obedi­ência irrestrita à vontade do Senhor.
O crente torna-se filho de Deus pela fé e toma-se servo de Deus por amor. O servo de Deus é fiel ao Senhor e para Ele trabalha impulsionado pelo amor que de Deus recebeu e que para Ele retorna como adoração, consagração, comunhão e serviço. Jesus nos instruiu que após fazermos tudo o que nos for ordenado, devemos nos considerar como servos inúteis:
10 Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer
(Lc 17.10).

O termo "inútil" corresponde a "desprovido de mérito adquirido". Servo inútil é ser um servo sem qualquer mérito em si mesmo, ou seja, Deus nun­ca será nosso devedor. Nós é que de­vemos tudo a Ele. Devemos tanto a Deus, que na exe­cução do seu trabalho, seja ele qual for, nunca iremos além do nosso dever.
Somos para sempre devedores a Deus e temos que nos render voluntária e plenamente a Ele como Redentor, pois fomos graciosamente resgatados da miserável servidão do pecado, por pre­ço incalculável, o do sangue precioso de Jesus.
É de Deus mesmo que nos vem a graça, capacidade, dons e recur­sos para servi-Lo. Mesmo que façamos o melhor, es­taremos sempre em falta com Ele. Era esta a servidão esperada pelo Senhor daqueles servos.
B – Segundo a capacidade de cada servo
A distribuição dos talentos não se deu de maneira igual, mas aconteceu segundo a capacidade de cada servo. A capacidade dos servos era diferente, mas cada um recebeu a parte que poderia desenvolver. Falaremos mais sobre este assunto no tópico dois.
C – Liberdade quanto ao seu uso e responsabilidade no acerto de contas
O senhor não se pôs a fiscalizar os servos, a ver como eles desenvolveriam os talentos. Entregue a parte que cada um devia cuidar, o senhor viajou imediatamente. Os servos eram livres para o trabalho, embora fossem responsáveis perante seu senhor.
É assim que Deus trabalha conosco. Ele nos dá capacidades espirituais não porque as merecemos, mas porque Ele é bom. Ele nos conhece de uma maneira muito melhor do que nós mesmos nos conhecemos. Ele nos dá oportunidades conforme a capacidade de cada um de nós e nos deixam livres para que as trabalhemos.
Por que mais talentos para um e menos para outros? Não temos a resposta. Mas Deus que conhece todos sabe quanto cada um pode receber e desenvolver. Não desenvolvemos o que Ele nos dá por negligência e omissão, não por falta de capacidade.
2 – A FINALIDADE DOS TALENTOS
16  O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco.
17  Do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois.
18  Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor.
Jesus fala de três servos que receberam os talentos. Eram pessoas que certamente tinham a confiança irrestrita do seu senhor. Um recebeu cinco, outro dois e outro um e todos tinham a liberdade de usá-los como quisessem. Esse homem tão rico não teria somente três servos, com certeza haveriam muitos outros na sua propriedade, mas esses a quem os talentos foram entregues, mereciam confiança especial. Um deles traiu essa confiança, mas dois a confirmaram.
A – Os talentos são para serem desempenhados
Os dois primeiros servos foram imediatamente trabalhar e negociar com o dinheiro de seu senhor. Entenderam a pesada responsabilidade posta sobre eles. Havia tempo e oportunidade para servir, mas chegaria também o tempo em que teriam de prestar contas com seu senhor. Sendo assim responsáveis e diligentes, seu trabalho rendeu e puderam dobrar a quantia que receberam. Seu trabalho e sua dedicação deram frutos.
B – Eles não podem ser negligenciados
O que recebeu cinco, não titubeou, e saiu em busca de um retorno à confiança de seu senhor, da mesma forma fez o que recebeu dois. Mas o enfoque maior fica para o primeiro, e Jesus fez questão de destacá-lo negativamente:
18  Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor.
Em lugar de trabalhar e desenvolver o talento recebido, aquele servo infiel o escondeu, cavou uma cova e enterrou o dinheiro de seu senhor. Se o dinheiro fosse dele, ele poderia fazer o que quisesse, mas ele recebera o dinheiro para desenvolvê-lo, não tinha o direito de agir dessa maneira. Foi negligente, ingrato e infiel.
Não agimos nós assim também quando Deus nos dá capacidades e oportunidades e nós não as desenvolvemos? Nós as enterramos. Nós as escondemos. Não seria melhor usar tudo de maneira que agrade ao Senhor? O esforço gasto para esconder o talento poderia ser usado para os fins devidos, para as finalidades esperadas pelo dono do talento.
O maior erro daquele servo foi ter recebido os bens do seu senhor e negligenciado. Quantos servos não gostariam de estar no lugar daquele homem, mas o privilégio foi dado e ele, e por isso, seu senhor não conseguiu entender o seu desdém para com o talento recebido, pouco na verdade, mas era sua capacidade para aquilo.
Por que ele enterrou o talento recebido? A maior razão está em ele não valorizar o talento que recebeu. Subestimou o talento recebido. Os recursos eram poucos e por isso julgou ele, desnecessário seu uso. Quem menos tem, passa por um processo de autocomiseração. Acham-se diminuídos e fragilizados, e por isso, se julgam sem nenhum valor perante os mais graduados em dons e talentos. Talentos e dons são para serem usados independentes de quantidade, pelo contrário, ainda que pouco, temos que empregar maior qualidade possível em seu uso.
Temos a tendência sempre de subestimarmos nossos poucos recursos por entender que quem tem mais, possui obrigações maiores. Mas o princípio divino do serviço do Reino revela-nos que nossas obrigações são iguais, independente de quanto temos ou fazemos. Os talentos não foram dados para deleite nosso, mas para serem usados e desenvolvidos para a glória de Deus, para que eles dêem frutos para a glória de Deus e de sua causa.
Não inutilize seu talento. Encontre lugar para usá-lo onde quer que seja. Não o enterre alegando falta de oportunidade, pois em algum lugar no reino, haverá uma utilidade a altura do seu talento, a você compete apenas achar esse lugar. Ore a Deus, Ele irá revelar a você, o que o Senhor não quer e no seu retorno encontrar seus dons e talentos enterrados e sem uso. Cuidado, pois não encontrarás uma desculpa razoável diante Dele.
3 – A PRESTAÇÃO DE CONTAS DOS TALENTOS
19  Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles.
O senhor demorou a voltar. Só depois de muito tempo, ele apareceu para cobrar o resultado dos talentos. Os servos não sabiam quando ele haveria de regressar. Demorou muito tempo, mas poderia ter voltado depressa. Os dois primeiros servos continuaram o seu trabalho sem descanso, servindo com perseverança.
Há pessoas que trabalham bem por algum tempo, mas não há perseverança. O desânimo vem e toma conta. Assim vão-se as oportunidades e enterram-se os talentos. Um dia nosso Deus vai prestar contas conosco, como estaremos diante dele? Teremos de prestar contas daquilo que ele tem colocado sobre nossa administração: A capacidade para realizar boas coisas para a edificação e crescimento da igreja, para a salvação dos perdidos e a de contribuir financeiramente para que o reino de Deus cresça. Se não usarmos esses talentos, perderemos a recompensa. Na prestação de contas teremos:
A – A recompensa
20  Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco, dizendo: Senhor, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei.
21  Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
22  E, aproximando-se também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, dois talentos me confiaste; aqui tens outros dois que ganhei.
23  Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
Os dois primeiros servos trabalharam os talentos e foram coroados de êxitos em seus esforços. O senhor conhecia a capacidade deles. Quando prestam contas, entregam quantia dobrada. Ouvem do senhor o louvor pela sua dedicação. São chamados de bons e fiéis servos. Há promessas feitas aos servos bons e fiéis. Eles vão administrar mais ainda: “Sobre o muito te colocarei”. Entrarão no gozo de seu senhor. Este gozo é a felicidade e a glória de que Ele, Jesus, goza, e na qual vai introduzir também os seus servos.
A mesma recompensa e o mesmo louvor dados ao servo que trouxe cinco novos talentos, recebeu aquele que entregou dois. A quantidade não pesa diante de Deus, mas a qualidade do serviço e da dedicação.
B – O castigo
24  Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste,
25  receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.
26  Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei?
27  Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu.
28  Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez.
29  Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.
30  E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.
O que recebera um talento é reprovado por sua injustiça e preguiça. Ele não assume a sua falta, mas joga a culpa sobre o próprio senhor, chamando-o de duro e injusto e afirma que seu senhor quer ceifar sem semear. Percebe-se que ele tinha visão errada do seu senhor e se relacionava mal com ele “sabendo que és homem severo”. Que pensamento mais tolo. O pobre servo imaginava seu senhor como um tirano insensível que só pensava em castigá-lo caso falhasse. Se seu senhor fosse assim tão frio e insensível como imaginava aquele servo não teria deixado eles à vontade com seus bens.
Infelizmente, hoje no Reino de Deus, muitos estão parados em relação a talentos e dons exatamente por não conhecer seu Senhor na intimidade e por não se relacionar bem com Ele. Relacionam-se baseados no que ouvem por bocas alheias e naquilo que aprendem de terceiros e não por experiência pessoal. É hora de buscarmos algo mais profundo com Deus, e assim, descobrir o que Ele quer de nós em relação a seu reino aqui na terra.
Não tem nenhuma desculpa amado de Deus, para você deixar de usar os dons e talentos que Deus lhe deu. Afinal, alguma coisa você sabe fazer para Ele. Não importa o que. Procure seu lugar no Reino de Deus.
Na realidade o servo infiel mostra que no seu coração só existe temor e não amor. Ele não recebe louvor e nem recompensa, mas dura repreensão e castigo. O senhor tira-lhe o talento, e manda dá-lo ao que recebera cinco. O único talento que o mau e infiel servo tivera recebido não fora usado, não fora desenvolvido. Por isso ele o perdeu.
A punição para quem for infiel é a perda da oportunidade; não haverá mais tempo de voltar atrás; além de ouvir as duras palavras do Senhor que o chama de mau, preguiçoso e inútil. Que não estejamos entre os que ouvirão estas duras palavras da parte do Senhor no dia do acerto de contas.
47 Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos açoites.
48 Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão (Lc 12.47,48).

Conclusão
Se não somos os donos e sim meros administradores teremos de prestar contas um dia de nossa mordomia. Que quando esse dia chegar o Senhor nos ache fiéis e nos louve como louvou na parábola os dois primeiros servos.
Quem não usa as oportunidades e as capacidades que Deus dá merece castigo e punição. Ele rejeita Jesus Cristo. Ele não se aproveita dos benefícios da vinda, da vida e da morte do Senhor. Ele não faz uso dos recursos espirituais que Deus põe à sua disposição. Àqueles que recebem de Deus os talentos e os desenvolvem, e trabalham com eles, serão acrescidos de outros. Esses servos estarão com o Senhor para todo o sempre, e se alegrarão com Ele eternamente.
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

APROFUNDANDO AS RAÍZES

6  Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele,
7  nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças.
8  Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo (Cl 2.6-8).
Introdução
Já imaginou uma árvore frondosa sem raízes? Seu destino é o chão no primeiro vendaval. A força e a sustentação de uma árvore estão na raiz, que devem estar aprofundadas, não superficiais e esparsas. Esta é uma metáfora que se encaixa muito bem na vida cristã. Como uma árvore, se não aprofundarmos nossas raízes seremos derrubados da fé no primeiro vendaval que surgir na vida. E para não cair da fé nos momentos de tribulação é necessário estar firme, fortalecido e sustentado.
Lembra da parábola do semeador? Ela nos faz lembrar da importância das raízes. A que caiu à beira do caminho nem chegou a nascer, pois foi devorada pelas aves (nem teve a oportunidade de enraizar); a que caiu em solo rochoso nasceu e logo morreu, isso porque não pôde aprofundar as suas raízes por causa das pedras; a que caiu entre os espinhos também nasceram, mas logo morreram sufocadas pelos espinhos (por fatores externos ao das raízes, mas que provavelmente impediram sua ramificação). Somente vigorou aquela que caiu e nasceu em boa terra. Por quê? Porque foi a única que aprofundou as suas raízes.
E qual é a função das raízes? As raízes têm três funções primárias. A primeira é para dar fixação da planta ao solo, a segunda é absorção de água com sais minerais dissolvidos e por último a acumulação de substâncias de reserva. O texto acima nos fala de como devemos estar radicados em Jesus, edificados em sua Palavra para sermos aprovados na fé. Em nosso estudo vamos fazer uma analogia entre as funções das raízes em relação a vida cristã e abordaremos sobre a importância de estarmos radicados em Cristo.
1 – A FUNÇÃO DA RAIZ É DAR SUSTENTAÇÃO
As raízes que se espalham a partir da base do tronco estendem-se em todas as direções, prendendo, assim, a planta ao solo. As raízes de uma árvore, em geral, estão estruturadas na mesma forma que os galhos, as raízes mais grossas irradiam para fora da base do tronco, depois bifurcam regularmente e terminam em aglomerados de raízes finas nas pontas. Uma árvore com suas raízes bem fixadas e profundas não cai na tempestade. Ela suporta o vento e todas as intempéries contra ela. Na parábola do semeador temos dois exemplos da importância da sustentação das raízes:
A) Exemplo da semente que caiu em solo rochoso
A Bíblia assim descreve sobre ela:
5  Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. 6  Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se Mt 13 5,6).
E Jesus explica o seu significado:

13  A que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; estes não têm raiz, crêem apenas por algum tempo e, na hora da provação, se desviam (Mt 13.13).
Não aprofundaram as suas raízes e a falta de raízes provocou a sua morte. A semente no terreno rochoso possuía raízes, porém superficiais. Ela nasceu alegre e radiante, mas logo morreu. E por que morreu? Porque não desenvolveu raízes. É aquele cristão que ouve a Palavra de Deus, aceita a salvação em Cristo e começa a frequentar com assiduidade e alegria a igreja. Porém, ele não aprofunda as suas raízes e o que acontece com o passar do tempo? O clima ameno passa e a seca atinge com força esta plantinha que não se preparou para o clima seco. E debaixo de um sol escaldante e impelida por fortes ventos, ela não suporta e morre porque as suas raízes eram superficiais, ou seja, abandona a fé e deixa de frequentar a igreja.
Como uma planta nascida no terreno pedregoso, um novo convertido sem aprofundamento na Palavra de Deus, diante do primeiro problema vai se esquecer de toda alegria inicial e se desviar da fé. Isso acontece porque muitos cristãos acham que Jesus é como a lenda do gênio da lâmpada mágica que atende a todos os nossos desejos e nos dá tudo que pedimos. Logo ele percebe que a fé não é a base do troca-troca: Eu creio em Ti, eu te adoro e em troca o Senhor me abençoa com uma vida tranquila e próspera. Depressa ele se decepciona e o Diabo é especialista em lançar e trabalhar as decepções de nosso coração.
B) Exemplo da semente que caiu em boa terra
A Bíblia assim descreve sobre esta semente:
8  Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um (Mt 13.8).
E Jesus explica o significado desta alusão:
15  A que caiu na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam com perseverança (Mt 13.15).
Esta não morreu e até frutificou porque atendeu com agrado ao convite de Deus. A semente que caiu em boa terra foi a única que não morreu e chegou a frutificar e a amadurecer o seu fruto. Por quê? Qual foi o seu segredo? As suas raízes! Esta semente nasceu, cresceu e aprofundou na terra as suas raízes e por causa disso pôde suportar os vendavais. Quando chegou os momentos de tribulação ela não desistiu, pois pôde resistir bravamente às intempéries porque havia nela uma força que a sustentava.
Na Palavra de Deus encontramos homens e mulheres de Deus que aprofundaram as suas raízes de tal forma que aperfeiçoaram e desenvolveram a sua fé. Estes homens e mulheres passaram por tempos de dificuldades, como provações, aflições, perseguições, mas eles resistiram porque estavam sustentados pelas suas raízes. Os heróis da fé são personagens bíblicos que suportaram todos os vendavais e estão lá como exemplos, como placas de sinais de trânsito para nossa orientação. Isso nos ensina uma importante lição:
C) Somente em Cristo somos sustentados para não cairmos nos vendavais
Se a primeira função da raiz é impedir que a árvore caia é estritamente necessário que estejamos radicados em Cristo. O próprio Senhor Jesus nos advertiu quanto a essa necessidade:
5  Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 6  Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam (Jo 15.5-6).
O segredo da nossa força, da nossa resistência não está em nós, mas em Cristo. Precisamos nos enraizar em Jesus para não tropeçarmos na fé. E para quem pensa que não precisa de força para resistir, Paulo assim nos adverte:
Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia ( 1 Co 10.12).
E para não cair é necessário que estejamos em Cristo, firmados nele, confiados em sua força e não em nosso próprio entusiasmo. E acha que não há inimigos por aí a fim de nos tirar do caminho e nos fazer prosseguir por outro estranho à fé? Quantos não nos aconselham a pegarmos um atalho que é muito mais fácil e prático? Não devemos nos esquecer de que Deus providenciou o caminho, mas o Diabo o atalho, que nada mais é do que um desvio do caminho. E em tempos tão modernos, com tanta coisa acontecendo em nosso cotidiano, podemos ter dificuldades de orientação. Como discernir o santo do profano em meio a tantas vozes e tantos ensinos, cada um deles parecendo ser mais verdadeiro que o outro? No terreno espiritual todo cuidado é pouco. O que vemos e ouvimos deve ser julgado e pesado com muita prudência. A Bíblia diz:
Há caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos de morte (Pv 16.25)
Há caminhos que parecem direitos aos nossos olhos, mas muitos deles são perigosos e podem nos levar à morte espiritual, ao abandono da fé, à queda nos vendavais. Por isso mantenha os olhos firmes em Jesus para evitar que sua fé morra de secura em cima da pedra. Precisamos criar raízes em nossa vida cristã, aprofundarmos nossa fé para que não venhamos a cair. Precisamos, impreterivelmente, permanecer na videira, que é Cristo, porque não temos raiz própria e necessitamos do alimento e da sustentação de suas raízes, de forma que sem Jesus não somos nada, sem Jesus estamos perdidos, como diz aquele canto:
Quem tem Jesus tem tudo
Quem não tem, não tem nada.
Mas quem tem Jesus Cristo
No céu já tem morada.
Ligar a Cristo é o primeiro passo a ser dado na vida cristã, pois o Apóstolo Paulo diz:
17  E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2 co 5.17).
É o momento da conversão, de quando abandonamos nossos velhos e sujos caminhos e passamos a caminhar no caminho de Cristo que nos leva direto ao Céu. É o momento em que rasgamos nossas velhas e sujas vestes e nos revestimos de Cristo. É o momento em que abandonamos nossas paixões carnais, os prazeres da carne e nos congratulamos em Cristo. É quando a nossa natureza completamente humana se transforma e se alia à natureza divina, porque tomamos uma decisão muito consciente e determinada de comprometer totalmente a nossa vida com o Senhor Jesus Cristo. Esta é uma fase tão primordial na vida cristã que, caso isso realmente aconteceu na sua vida você jamais deixará de estar ligado a Cristo; este cordão umbilical jamais será cortado!
2 – A FUNÇÃO DA RAIZ É RETIRAR NUTRIENTES E ÁGUA DO SOLO

A segunda função da raiz é absorção de nutrientes que alimenta e mantém a árvore vigorosa. As espécies que estão adaptadas para crescer em regiões áridas têm longas raízes de busca, que sugam umidade de uma vasta área. As que vivem em solos úmidos e férteis têm raízes finas e pouco profundas, que podem não se expandir para além da extensão de seus ramos.
Uma planta sempre tem uma raiz principal, chamada de pinhão da árvore. Esta provavelmente é a primeira raiz produzida por uma semente e ela cresce diretamente para baixo em busca de água e simultaneamente fortalece a estabilidade da planta. Esta raiz continua a estender-se para baixo o suficiente para localizar uma fonte constante de água e alimento.
Uma árvore com suas raízes bem fixadas e profundas não se enfraquece. Ela retira os nutrientes necessários para a sua sobrevivência e seu fortalecimento. Da mesma forma o cristão radicado em Jesus Cristo não passa fome e nem sede, porque Jesus disse:
Eu sou o pão da vida (Jo 6.48).
Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede (Jo 6.35).
Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente (Jo 6.51).
Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva (Jo 7.38).
Ele recebe o alimento e os nutrientes necessários à sua sustentação e fortalecimento de Cristo, ele desenvolve a sua fé na comunhão cotidiana com Deus. Na parábola do semeador temos dois exemplos da negligência provocado pela não ramificação das raízes:
A) Exemplo da semente que caiu à beira do caminho
Assim a Bíblia diz dessa semente:
E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram (Mt 13.4).
E Jesus explica sobre ela:
A que caiu à beira do caminho são os que a ouviram; vem, a seguir, o diabo e arrebata-lhes do coração a palavra, para não suceder que, crendo, sejam salvos (Mt 13.12).
A semente à beira do caminho praticamente não tinha raiz, sendo que algumas nem chegam a nascer, e por não se alimentarem morreram desnutridas. Esta semente significa dar uma atenção superficial a Deus e demonstra o desprezo do homem pelo Evangelho de Jesus Cristo. Talvez, haja até certa curiosidade sobre o assunto, mas nada é levado a sério. Talvez, o interesse foi proveniente de um momento difícil, uma busca de socorro; vindo a bonança esquece-se do favor recebido. Talvez, tudo não passou de um negócio, de uma troca de favores, eu te aceito e o Senhor me ajuda, eu te sirvo e o Senhor me dê uma vida próspera; não vindo o resultado esperado a decepção o faz repensar. E como tudo que é leviano desaparece o resultado final é uma recusa ao chamado de Deus.
Isso acontece de diferentes formas. Pode vir na pessoa de amigos, parentes, professores, colegas de trabalho ou namorados e até mesmo do cônjuge, para fazer com que você desista e perca o interesse pelo Evangelho. Eles apontam todas as desvantagens e perigos que vai enfrentar se insistir em ser um crente em Jesus. Então, sem analisar o outro lado, isto é, a salvação e todas as bênçãos que a seguem pela eternidade, você pode ser levado a entender falsamente que ser um cristão é um atraso de vida e assim recusa ao convite de Deus.
Quando alguém vem e diz que o Evangelho é coisa de gente atrasada, pregado por espertalhões, não está dizendo a verdade, mas está jogando areia na sua fé. A aceitação do Evangelho nunca foi atraso de vida. Pelo contrário, já tirou, tira e sempre vai tirar muita gente da miséria espiritual e da perdição eterna. Ter Jesus como Senhor de nossa vida é a maior riqueza que se possa ter. Portanto, não de ouvidos aos cochichos de quem não se importa com a sua salvação, não seja como uma semente à beira do caminho que é pisada ou devorada pelas aves.
b) Exemplo da semente que caiu entre os espinhos
A Bíblia assim diz sobre esta semente:
Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram (Mt 13.7).
E Jesus explica seu significado:
A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer (Mt 13.14).
A semente em terreno de espinheiros é aquela que nasceu, cresceu e até frutificou porque aprofundou um pouco as suas raízes, entretanto os seus frutos não amadureceram porque não aprofundou o suficiente as suas raízes para se alimentar de Deus. Não se trata mais de um novo convertido, mas de um cristão maduro. E quando o dono do terreno (Deus) vai procurar seus frutos, simplesmente não os encontra. Uma erva daninha cheia de espinhos cresceu junto à planta e a sufocou impedindo o amadurecimento de seus frutos. Veja que não a impediu de frutificar, mas de amadurecer o seu fruto.
Uma triste realidade hoje são os cristãos de "banco". Passam a vida inteira assentados na Igreja sem um propósito, sem o mínimo desejo de se envolver com a obra de Deus. Apenas assistem ao culto, sem prestar a Deus o verdadeiro culto, a verdadeira adoração. Não planejam nada em Deus e não se envolvem com os trabalhos da igreja. Mesmo depois de muito tempo convertidos não passam de crianças. Paulo assim diz sobre eles:
1 Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. 2  Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais (1 Co 3.1,2).
Eram velhos convertidos, mas ainda crianças na fé. E o autor de Hebreus diz:
12  Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido. 13  Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. 14  Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal (Hb 5.12-14).
O cristão nunca deve regredir e nem ficar estagnado na fé, na sua vida com Deus, mas deve prosseguir rumo ao desenvolvimento, ao crescimento espiritual. O Crente não deve simplesmente assistir aos cultos, mas prestar culto a Deus com sua vida. O culto não é apenas aquelas duas horas onde se canta, ora, contribui e se ouve uma pregação. Ele precisa cultuar a Deus todos os dias, em todos os momentos de sua vida. Este é o padrão e este é o segredo para se crescer e se desenvolver.
O significado dos espinhos está bem claro no Evangelho: Novas prioridades na vida e o abandono do compromisso de fidelidade com a obra do Senhor. Isso pode ser a busca de riquezas, o ingresso de pastores na vida política, crente enrolado até ao pescoço pelas concupiscências da carne, dos olhos e da soberba da vida, decepções e revoltas com Deus, com a igreja ou com pessoas. É a perda do primeiro amor. Antes era tudo para Jesus e agora nem suporta falar do assunto e nem suporta ver aqueles que não foram fracos como ele, antes, perseveram até ao fim e seguem firmes no caminho. É muito atual para eles a exortação de Jesus:
Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas (Ap 2.4,5).
 Isso tudo nos ensina mais uma lição muito importante:
C) Somente em Cristo somos nutridos
Somente Cristo pode nos alimentar e impedir que venhamos a morrer desnutridos. Jesus é o único alimento que nutre nossa alma, Ele é o maná do céu:
32  Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu; o verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá. 33  Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo. 34  Então, lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre desse pão. 35  Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede (Jo 6.32-35).
Nossa vida, nossa alma, nosso coração precisam nutrir-se de Jesus, Ele deve ser o nosso principal alimento, a nossa esperança, a nossa vida, o nosso vigor. E Ele tem alimento suficiente para nos alimentar até mesmo no deserto. Há espécies de plantas que estão adaptadas para crescer em regiões áridas. Elas têm longas raízes de busca, que sugam a umidade de uma vasta área (o que sugere uma luta incansável em busca de água e alimento), enquanto que as que vivem em solos úmidos e férteis têm raízes finas e pouco profundas.
É no deserto que buscamos e ansiamos pelo alimento que vem de Deus. Podemos dizer que o sofrimento cria anticorpos para aguentarmos as batalhas da vida. A força para viver está exatamente na experiência do sofrimento. O sofredor é forte! Preparado para as batalhas! E Jesus mostra que as vitórias são sempre antecedidas por lutas, sendo exatamente o que muitos não compreendem totalmente e querem vitórias sem lutas. Muitas vezes somos "amassados" por Deus, com o propósito de nos fazer vasos novos. A Bíblia diz:
Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? —diz o SENHOR; eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel (Je 18.6).
Depois da tempestade, a árvore fica muito machucada, folhas caem, galhos quebram, mas ela, permanecendo em pé, logo se recupera e revigora a sua aparência. As provações nos fazem chorar, chegam a abater o coração e as vezes achamos que não suportaremos, mas permanecendo firmes, a tempestade passa e Deus manda a bonança.
Porque não passa de um momento a sua ira; o seu favor dura a vida inteira. Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã (Sl 30.5).
A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas que se tornaram vitoriosas, após terem passado por sofri­mentos. Os sofrimentos, bem vivi­dos com intensidade e observação consciente, sempre produzem saldos positivos. José chegou a ser o vice-governador do Egito, mas antes passou na vida provações e sofri­mentos, sendo até acusado injustamente e preso. Paulo vivia preso, mas via vantagens nas cadeias que o prendiam. Ele também tinha um espinho na carne, mas Deus lhe disse que aquele espinho era um controlador da sua vanglória. Jesus sofreu e morreu crucificado e em função de seu sofrimento brotou a Igreja.
Perseguições e provações são experiências comuns aos cristãos. Essas coisas não devem ser estranhas, alheias a nós, pelo contrário, são comuns, pois fomos designados para isto. É nosso destino sofrer nesse mundo. É claro que esse não é o nosso destino eterno, pois Deus não nos destinou a sofrer pela eternidade, mas certamente nos destinou a sofrer neste mundo. Jesus falou:
Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros (Jo 15.20).
Cristo é o fundamento da nossa fé. Precisamos estar ligados a Ele para sermos alimentados e fortalecidos. Sem Cristo com certeza naufragaremos na fé. Sem Cristo com certeza morreremos famintos e secos. Sem Cristo não suportaremos o sol escaldante e os tempos áridos que se abatem em nossas vidas.
3 – A FUNÇÃO DA RAIZ É ACUMULAR SUBSTÂNCIAS DE RESERVA
A terceira função da raiz é atuar como uma despensa para a árvore. Durante o verão as raízes armazenam substâncias para sustentá-la ao longo dos meses de inverno. As raízes mais grossas atuam como armazéns no inverno para os açúcares que as folhas produziram no verão. No verão as raízes finas começam a bombear água para os novos brotos em crescimento. Conforme a água passa para cima, através das raízes, para o interior do tronco, o crescimento de novos rebentos e folhas é acelerado. Portanto podemos afirmar que nos casos de plantas debilitadas, o seu problema está na formação das raízes.
E será que a vida cristã não necessita de reservas? Somos conscientes das intempéries da vida, que assim como no clima há bonanças e vendavais, verão e inverno, na vida existe tempos bons (em que tudo corre às mil maravilhas) e tempos ruins (em que até o chão desaparece de sob nossos pés). Há momentos na vida em que estamos cruzando um vale verde com abundantes fontes de água, enquanto que em outros passamos por um árido deserto. O sábio Salomão nos adverte quanto a isso:
1 Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: 2  há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; 3  tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; 4  tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; 5  tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; 6  tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; 7  tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; 8  tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz (Ec 3.1-8).
No tempo de paz devemos aproveitar a bonança para renovar as forças e se preparar para novas tempestades que virão. Nossa vida é como um navio que cruza o mar revolto. Suas provisões não são para sempre, de forma que de tempo em tempo precisa aportar para renovar as provisões. Assim Deus não permite tempestade eterna sobre seus filhos. Ele sempre abre o tempo e permite uma pausa para a paz, para a bonança, não para que venhamos a cruzar os braços e nos acomodar, mas para que possamos descansar e renovar as nossas forças, porque assim como as tempestades não são para sempre, as bonanças também não o são, e assim como o navio não deve permanecer aportado, assim devemos zarpar e enfrentar novamente o tenebroso oceano da vida. Isso não deve nos incomodar e nem nos fazer revoltar com a vida e com Deus, porque este fato é a normalidade da vida. Paulo nos adverte:
3  a fim de que ninguém se inquiete com estas tribulações. Porque vós mesmos sabeis que estamos designados para isto (1Ts 3.3).
Lembremos que Jesus jamais prometeu uma vida tranquila, sem inverno e somente verão para seus seguidores. Antes, ele dizia:
33  Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo (Jo 16.33).
Portanto, nos momentos de tranquilidade devemos aproveitar para renovar a nossa fé, a nossa esperança e as nossas forças, de forma que, quando chegar novamente a tribulação possamos suportá-la e sair dela fortalecido. E enquanto ela perdurar, Paulo nos diz como devemos agir:
12  regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes (Rm 12.12).
Mas somente conseguiremos ser pacientes se, durante o verão, abastecermos nossa dispensa com abundância suficiente para reserva, porque se aproveitarmos a pausa para somente nos divertir, certamente ficaremos sem provisões em nosso celeiro para passar o inverno. E o resultado disso não será outro além da impaciência e revolta com Deus e com a vida. Lembra de que devemos estar sempre ligados a Cristo porque somente Ele nutre a nossa vida? Pois é, Paulo nos diz:
35  Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? 38  Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, 39  nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8.35, 38,39).
Portanto, se estivermos ligados em Cristo, nutridos pela sua força e pelo alimento espiritual que Ele nos oferece, teremos prazer em nos prevenir no verão com abastecimento suficiente que nos permitirá passar o inverno. E jesus assim nos adverte:
10  Não temas as coisas que tens de sofrer ... Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida (Ap 2.10).
E Tiago nos diz:
12  Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam (Tg 1.12).
Portanto, sejamos como as raízes e acumulemos substâncias de reserva durante o verão para que venhamos a suportar com paciência e perseverança os invernos da vida e não venhamos a ser uma planta que morra, mas uma planta que frutifique e que amadureça os seus frutos.
Conclusão
A fé é uma semente de Deus em nosso coração. O plano do Diabo, nosso adversário, é fazer o possível e o impossível para roubá-la, arrancá-la e destruí-la. Esta semente, segundo a parábola do semeador, pode cair em quatro terrenos e ter quatro desenvolvimentos e a raiz tem um papel fundamental nestas quatro sementes.
Precisamos ter uma relação de confiança e amor com Jesus, pois se posso sobreviver somente se estiver ligado a Ele, como vou me radicar em alguém em quem não confio? Em quem não amo? Em quem não descanso o suficiente para confiar a minha vida a Ele? Como posso ser nutrido por alguém em quem não busco?
Em que ou em quem você tem radicado a sua vida? Como você tem alimentado a sua fé? Jesus tem sido o seu alimento? Ele tem sido a única esperança na sua vida? Nossa conduta deve ser regida por Ele e por sua Palavra. Portanto, alimente e fortaleça a cada dia a sua fé em Jesus. Aprenda com os acontecimentos de sua vida e permite que o Espírito de Deus forje em você um caráter cristão. Que Deus assim abençoe a sua vida! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com

Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.