Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

ABRINDO AS PORTAS PARA O INIMIGO

1  Nesse tempo, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia, enviou cartas e um presente a Ezequias, porque soube que estivera doente e já tinha convalescido.
2  Ezequias se agradou disso e mostrou aos mensageiros a casa do seu tesouro, a prata, o ouro, as especiarias, os óleos finos, todo o seu arsenal e tudo quanto se achava nos seus tesouros; nenhuma coisa houve, nem em sua casa, nem em todo o seu domínio, que Ezequias não lhes mostrasse.
3  Então, Isaías, o profeta, veio ao rei Ezequias e lhe disse: Que foi que aqueles homens disseram e donde vieram a ti? Respondeu Ezequias: De uma terra longínqua vieram a mim, da Babilônia.
4  Perguntou ele: Que viram em tua casa? Respondeu Ezequias: Viram tudo quanto há em minha casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu não lhes mostrasse.
5  Então, disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do SENHOR dos Exércitos:
6  Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o SENHOR.
7  Dos teus próprios filhos, que tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei da Babilônia.
8  Então, disse Ezequias a Isaías: Boa é a palavra do SENHOR que disseste. Pois pensava: Haverá paz e segurança em meus dias (Is 39.1-8).
Introdução
Este texto nos conta um fato real acontecido na vida do rei Ezequias, quando este reinava sobre Judá. Depois do reinado de Roboão, filho de Salomão, vários reis governaram sobre Judá até chegar ao reinado de Ezequias filho de Acaz. Ele começou a reinar aos 25 anos de idade e reinou durante 29 anos sobre Judá. A escritura registra que Ezequias:
5  Confiou no SENHOR, Deus de Israel, de maneira que depois dele não houve seu semelhante entre todos os reis de Judá, nem entre os que foram antes dele.
6  Porque se apegou ao SENHOR, não deixou de segui-lo e guardou os mandamentos que o SENHOR ordenara a Moisés (2 Rs 18.5,6).
Tudo que o rei Ezequias fazia agradava os olhos de Deus. O grande fato que está registrado no reinado dele foi as pelejas contra Senaqueribe, o rei da Assíria, que subiu contra as cidades fortificadas de Judá e as tomou. Depois, cercou Jerusalém com seu exército. Grande vitória Judá teve sobre a Assíria mesmo sem pelejar, pois o Senhor Deus enviou o seu anjo ao arraial dos Assírios e naquela noite morreram 185 mil homens. E logo após este grande livramento do Senhor veio a doença sobre Ezequias, sua cura e, por fim, a visita dos representantes do rei de Babilônia com presentes para o rei Ezequias.
Você já percebeu quantas vezes agimos precipitadamente? Creio que você está dizendo: Já perdi a conta! Algumas pessoas, movidas por um sentimentalismo momentâneo, não atentam para cuidados essenciais na hora de tomarem uma decisão, seja esta relacionada à família, negócios, estudos, vida cristã, mudanças, amizades e etc. Vão logo tomando decisões sem pensar ou consultar alguém, depois vem o arrependimento. Precisamos tomar cuidado porque, a precipitação em tomar atitudes, poderá mais a frente nos custar muito caro.
O que podemos ver em nosso texto é um homem de Deus precipitando-se numa atitude aparentemente inofensiva a ele e aos seus familiares, bem como aos seus súditos e ao povo de Judá. Mas sua atitude não fora assim tão inofensiva e, pior ainda, desaprovada por Deus. Em que Ezequias, homem acostumado a vencer, errou? O que aconteceu?
1 – A visita e os agrados do inimigo ao rei Ezequias
1  Nesse tempo, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia, enviou cartas e um presente a Ezequias, porque soube que estivera doente e já tinha convalescido.
As notícias sobre as melhoras do rei Ezequias chegaram até Babilônia. O rei resolve, então, enviar mensageiros com uma carta e um presente para Ezequias, um homem de Deus que acabara de ter experiências pessoais tremendas com Deus, pois vencera, sem lutar, um exército de 185.000 soldados e fora curado por Deus de uma doença mortal. O rei Ezequias era conhecido por sua fé e confiança no Senhor, mas aqui ele pisou na bola. Por quê?
A – A visita recebida merecia uma atenção redobrada
1  Nesse tempo, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia...
Quem era Merodaque-Baladã? Ele era um rei babilônico, que governava um distrito caldeu ao norte do golfo Pérsico. Seu nome significava, em assírio, “Marduque deu um filho”. Quem era Marduque? Marduque era o deus principal da Babilônia no tempo de Nabucodonozor. No poema de Enuma Elish, Marduque aparece como o herói dos deuses e dos humanos e como criador do universo. Portanto, é muito natural que este rei babilônio seja um propagador desta divindade. Merodaque era a adaptação hebraica desse nome e significa “rei dos deuses”. Só por este detalhe, já era suficiente para que Ezequias não mantivesse com ele estreita relação de amizade ou comunhão, a ponto de abrir as portas de sua casa aos seus mensageiros. Aquela visita não era conveniente e merecia um alerta!
B – A visita veio acompanhado de agrados do inimigo
1  ... enviou cartas e um presente a Ezequias ...
As cartas e o presente foram entregues pelos enviados do rei, que devem ter chegado a Jerusalém por volta do ano 703 a.C. Embora a palavra não especifique o tipo de presente, seria uma demonstração de boa vontade do rei da Babilônia. A palavra presente não significa que o conteúdo fosse apenas um objeto, algumas vezes abrange muita coisa. É possível que Ezequias tenha recebido muita coisa, para se sentir tão contente e ao mesmo tempo tão orgulhoso. Sem vigiar, Ezequias abriu as portas de sua casa ao inimigo visitante.
C – O rei deveria ponderar sobre as reais intenções do inimigo
1  ... porque soube que estivera doente e já tinha convalescido.
O que Merodaque-Baladã pretendia ao visitar e presentear o rei Ezequias? A princípio, podemos até responder de forma bem simples: Veio presentear um amigo que estava doente e agora tinha se restabelecido. Certo? Aparentemente sim, mas está errado! Esta amizade não estava baseada em laços de sinceridade. Por traz de tudo estava o interesse político deste homem sagaz.
Merodaque-Baladã sabia que tempos antes, Ezequias tinha se rebelado contra o pagamento de tributos resultantes dos pecados cometidos por Acaz, seu antecessor, a Senaqueribe, rei da Assíria. Este ato de Ezequias, que mais tarde resultaria no cerco de Jerusalém, encorajou Merodaque-Baladã a também rebelar-se contra o rei da Assíria, auto proclamando-se imperador da Babilônia, reino que estava subjugado pelos assírios. Contudo, ele não queria enfrentar sozinho esta guerra. Lembrou-se de Ezequias, fragilizado por uma enfermidade mortal. Arquitetou logo um plano que envolvia o envio de embaixadores e presentes para tocar o coração de Ezequias.
Portanto, o fato vai além de uma visita de cortesia da parte dos súditos do monarca da Babilônia. Merodaque-Baladã, ao ver que Ezequias não estava mais fraco, pelo contrário, fortalecia-se cada vez mais, procurou aliar as suas forças com Judá, porque viu em Ezequias uma força que lhe poderia ser muito útil nos seus propósitos de desbaratar a potência Assíria, que ainda era a maior potência da época. Ezequias errou por não atentar às palavras do seu Deus. Deus sempre advertiu o povo a não fazer aliança com outros povos para não se contaminarem com suas idolatrias. A Palavra de Deus nos adverte:
14  Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?
15  Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo?
16  Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
17  Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei,
18  serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso (2 Co 6.14-18).
Não podemos abrir as portas da nossa casa para as visitações babilônicas cada vez mais frequentes e sutis. Precisamos blindar nossa vida, nosso lar, nossos filhos, nossa família da visitação do inimigo, que vem somente para roubar, matar e destruir. A desestabilização da família é uma prova dos estragos que as visitas do inimigo têm produzido nos lares.
Muitas vezes recusamos receber “anjos em casa” (como nos diz o escritor aos Hebreus que muitos, sem saber, hospedaram anjos em suas casas), mas escancaramos as portas para a entrada do inimigo. Você pode estar dizendo para si: Não tenho feito isto. Será? Não faz muito tempo, para entrar na intimidade de alguém era preciso apresentar-se, enfrentar os olhos nos olhos e relacionar-se pessoalmente. Esse tempo já passou. Hoje, é possível invadir e ser invadido sem o constrangimento de encarar. Sendo assim, recebemos constantemente visitas ímpias em nossa casa através das mídias: rádio, televisão ou internet, cujo único objetivo é nos levar para uma revolta ou insubordinação contra Deus.
As novelas, que muitos cristãos não conseguem perder nem um capítulo, propagam o espiritismo e incentivam o adultério, a prostituição, a promiscuidade e a insubordinação. Nossos filhos estão aprendendo a linguagem de Babilônia com horas e horas de visitação diária diante de uma tela de computador ou TV. Devemos ter cuidado com a comunicação virtual, onde a realidade e a fantasia se misturam com muita facilidade.
O inimigo quer se relacionar conosco. Ele sabe que se manter ausente de nossos laços não tem nenhuma chance de intervenção maligna em nossa vida, que nada poderá fazer para impedir nosso relacionamento com Deus. Ele não tem prazer em nos ver feliz, cantando e louvando a Deus, ele quer nos ver chorando, porque seu prazer é matar, roubar e destruir. Não podemos, não devemos ter relacionamento de intimidade, de amizade, de cumplicidade, de sociedade com pessoas que Deus não aprova.
O inimigo vai tentar nos seduzir com seus presentes. Ele vai te oferecer muitas coisas, cada uma mais prazerosa que a outra, coisas que vai te dar muita alegria e prazer, mas é tudo momentâneo, porque o preço que ele cobra pelo prazer é muito alto. É hora de fecharmos as portas e rejeitarmos os presentes sedutores do mundo. Jesus, lá no deserto, disse não à oferta do inimigo. Devemos seguir seu exemplo e ouvir seus conselhos:
15  Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;
16  porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.
17  Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente (1 Jo 2.15-17).
Vigiemos! Que a porta de nossa casa, se abra somente para aquele que diz assim:
20  Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo (Ap 3.20).
2 – A empolgação de Ezequias com o inimigo
2  Ezequias se agradou disso e mostrou aos mensageiros a casa do seu tesouro, a prata, o ouro, as especiarias, os óleos finos, todo o seu arsenal e tudo quanto se achava nos seus tesouros; nenhuma coisa houve, nem em sua casa, nem em todo o seu domínio, que Ezequias não lhes mostrasse.
Ezequias ficou encantado com a atitude do rei de Babilônia. Agradou-se até demais com as palavras da carta e com o presente de Babilônia. Como não atinou para as reais intenções de Babilônia, cometeu um erro muito grave. Empolgado, sem refletir, mostrou aos visitantes suas riquezas, seu poder bélico, seus segredos. Como entender o que aconteceu com este homem?
A – Ezequias não buscou a orientação de Deus
Ezequias, cercado pelo exército de Senaqueribe, busca a Deus. Acometido de uma enfermidade mortal, busca imediatamente a Deus. Mas, aqui, ele se esquece completamente de Deus. O que aconteceu? Com a ajuda do cronista podemos entender, pois somos informados que, neste momento, Deus havia desamparado a Ezequias para prová-lo:
31  Contudo, quando os embaixadores dos príncipes da Babilônia lhe foram enviados para se informarem do prodígio que se dera naquela terra, Deus o desamparou, para prová-lo e fazê-lo conhecer tudo o que lhe estava no coração (2 Cr 32.31).
Deus queria prová-lo e logo de cara Ezequias é reprovado, pois não há registro de que ele tenha buscado a direção de Deus por meio de oração e nem pelos profetas ou pelos sacerdotes. Ezequias, fora das vistas públicas, sem consultar seus conselheiros espirituais, recebe aqueles homens com atitudes reprováveis por Deus. Ezequias não parou por aí, cometeu ainda outro erro:
B – Ezequias se ensoberbeceu diante dos emissários de Babilônia
2  Ezequias se agradou disso e mostrou aos mensageiros a casa do seu tesouro, a prata, o ouro, as especiarias, os óleos finos, todo o seu arsenal e tudo quanto se achava nos seus tesouros; nenhuma coisa houve, nem em sua casa, nem em todo o seu domínio, que Ezequias não lhes mostrasse.
A ênfase aqui está no fato de Ezequias se alegrar com eles. O sentimento de Ezequias estava desviado para algo que não era o Senhor. O recebimento do presente e o sentimento de prazer pelo fato do rei da Babilônia reconhecer a sua força, fez com que Ezequias baixasse as suas defesas. Ao mostrar a casa do tesouro, a prata, o ouro e as especiarias, Ezequias estaria, provavelmente, a envaidecer-se com os seus bens materiais. E logo a seguir apresenta a sua casa de armas. Certamente era todo o equipamento para os soldados, tanto de defesa como de ataque. O rei estava interessado em apresentar a sua força bélica à comitiva do rei da Babilônia. Com esta exibição, Ezequias estava tentando impressionar os seus visitantes babilônicos com as riquezas e o poder de sua nação.
O autor bíblico é muito categórico em dizer que não houve nada que não fosse mostrado àqueles homens. Ezequias passou tudo a pente fino, desde a sua casa, termo mais específico, até ao seu domínio, termo mais abrangente. É importante realçar o tanto que o pronome “seu” está presente no texto. A atitude de Ezequias leva o escritor a descrever os sentimentos do rei em termos de possessão. Isto indica que o rei sentia-se senhor de tudo o que havia na sua casa e que o reino de Judá era seu. Mas o pior erro de Ezequias ainda estava por vir:
C – Ezequias não testemunhou os milagres de Deus em sua vida
A Bíblia conta que os mensageiros estavam interessados na recuperação miraculosa do rei Ezequias. Mas parece que Ezequias ficou mudo sobre sua experiência de cura. Ele não enfatizou as coisas que teriam aberto o coração desses embaixadores para o conhecimento do verdadeiro Deus. É evidente o contraste entre a gratidão pela sua cura no capítulo anterior com seu silêncio sobre esse assunto neste capítulo. Ele se calou! Ele se esqueceu do que Deus fez em sua vida! A operação de Deus em sua vida e na vida da sua nação parece ter desaparecido de sua mente! Isso nos mostra como a bênção de Deus pode facilmente ser considerada coisa natural e como os que recebem Sua misericórdia podem se tornar auto-suficientes.
Deus permitiu que isso acontecesse sobre Ezequias para ver se ele seria fiel ou não, mas ele falhou redondamente. Em vez de dar testemunho daquilo que Deus fez na sua vida, Ezequias deixou-se enredar pela tentação e apresentar as coisas como sendo suas. A ação que Deus realizou na sua vida deveria ser motivo para ele estar grato a Deus e ser suficientemente humilde, em vez de ser arrogante e orgulhoso. A sua atitude não trouxe paz nem segurança para o seu reino, pois os embaixadores do rei da Babilônia viram ali motivos de sobra para atacarem futuramente o reino de Judá.
Os cristãos não são chamados a exibir sua prosperidade ou realizações materiais, embora possam reconhecer que estas são bênçãos de Deus. Eles são chamados:
9  Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pd 2.9).
Usando a experiência de Ezequias como símbolo, podemos declarar que estávamos morrendo, mas Cristo nos curou; estávamos mortos no pecado, e Cristo nos ressuscitou e nos fez assentar-se em lugares celestiais.
Nós somos muito sensíveis às tentações durante os tempos de emoção extrema. Em momentos de tristeza, estamos sujeitos ao desespero e à depressão. Em tempos de vitória, somos tentados a ficar orgulhosos e independentes. O orgulho precede sempre uma grande perda:
18  A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda (Pv 16.18).
Se deixarmos de depender de Deus e deixarmos de lhe dar glória, somos os candidatos principais às tentações de Satanás. Somente os que se humilham diariamente perante o Senhor estarão em alertas e preparados para resistirem à tentação do orgulho e da presunção.
3 – A visita do profeta ao rei Ezequias
3  Então, Isaías, o profeta, veio ao rei Ezequias e lhe disse: Que foi que aqueles homens disseram e donde vieram a ti? Respondeu Ezequias: De uma terra longínqua vieram a mim, da Babilônia.
4  Perguntou ele: Que viram em tua casa? Respondeu Ezequias: Viram tudo quanto há em minha casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu não lhes mostrasse.
5  Então, disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do SENHOR dos Exércitos:
6  Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o SENHOR.
7  Dos teus próprios filhos, que tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei da Babilônia.
8  Então, disse Ezequias a Isaías: Boa é a palavra do SENHOR que disseste. Pois pensava: Haverá paz e segurança em meus dias (Is 39.1-8).
A – A indagação do profeta Isaías
Depois da visita, o profeta Isaías é mandado por Deus ao rei Ezequias. Ele poderia ter argumentado com Isaías, quando este o indagou sobre quem eram os homens que estavam em sua casa, afinal, o que tem receber na minha casa os meus amigos? Mas as perguntas do profeta conduz Ezequias a refletir naquilo que fez:
3  Que foi que aqueles homens disseram?
Não temos o registro sobre o que eles falaram, talvez, até tenha sido sobre alguma aliança militar para enfrentar a Assíria, o que seria reprovável por Deus, pois Judá acabara de ter uma tremenda vitória contra um imenso exército assírio sem levantar a espada.
3  ... e donde vieram a ti?
Babilônia é conhecida como inimiga de Deus, totalmente desconhecida até aqui por Ezequias.
4  ... Que viram em tua casa?
E o que tem a ver com o que eles tinham visto? Parece sem sentido a admoestação do profeta dirigida ao rei. Que problema haveria em mostrar todos os tesouros dentro do palácio aos amigos babilônicos, que souberam de sua doença e também de sua recuperação, honrando-o com aquela nobre visita e com presentes? Era como se o profeta levasse Ezequias a pensar: Acabei de mostrar todos os meus segredos para alguém que não conheço.
B – O anúncio do profeta sobre o cativeiro
5  Então, disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do SENHOR dos Exércitos:
6  Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o SENHOR.
7  Dos teus próprios filhos, que tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei da Babilônia.
Agora, acontece a concretização da determinação de Deus sobre este acontecimento. O cronista diz:
31  Contudo, quando os embaixadores dos príncipes da Babilônia lhe foram enviados para se informarem do prodígio que se dera naquela terra, Deus o desamparou, para prová-lo e fazê-lo conhecer tudo o que lhe estava no coração (2 Cr 32.31).
Ou seja, o que estava no coração de Deus. O cativeiro de Judá já estava determinado por Deus e Ele queria revelar isto ao rei Ezequias. Este acontecimento nos mostra de como a História e o coração dos homens estão nas mãos de Deus. Isaias diz:
24  Jurou o SENHOR dos Exércitos, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e, como determinei, assim se efetuará (Is 14.24).
13  Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? (Is 43.13).
Deus conhece e sabe o que vai acontecer no futuro. Na altura em que Isaías apresenta a sentença de Deus, a Assíria ainda dominava, mas estava prestes a cair perante a Babilônia. Isaias não é específico quanto a datas, apenas diz que “dias virão” em que tudo será levado, ou seja, a limpeza será completa e abrange não só as coisas de Ezequias, mas também tudo o que foi acumulado pelos seus antepassados.
A perda dos bens era só o prenúncio de uma perda muito mais significante do que os bens materiais, pois haveria ainda perdas mais profundas. Não se perderia somente a riqueza de bens materiais, a perda afetaria também seus descendentes, os seus familiares, o seu trono. Após a sentença acontece a reação de Ezequias:
C – A atitude Egoísta de Ezequias
8  Então, disse Ezequias a Isaías: Boa é a palavra do SENHOR que disseste. Pois pensava: Haverá paz e segurança em meus dias.
Parece que o rei Ezequias não mediu bem as palavras do profeta. Como é possível deixar-se perder todo um patrimônio que certamente foi adquirido com grande esforço? Foi anunciado pelo profeta ao rei uma das maiores tragédias que viria sobre o reino de Judá, mas ele parece que não percebeu isso. Ao contrário do que costumava fazer, desta vez ele não se humilhou diante do Senhor, não se colocou diante de Deus, não se virou para orar a Deus. Tudo o que fora adquirido deixaria de fazer parte da riqueza da linhagem real e ele pareceu não se importar com isso, somente porque não aconteceria durante seu reinado. Uma atitude completamente egoísta.
Se não houvesse a parte final desta frase, poderíamos dizer que suas palavras poderiam expressar um sentimento humilde e piedoso de arrependimento e resignação de Ezequias. Ele poderia estar honrando a mensagem do profeta Isaías, reconhecendo como palavras de Deus – mesmo sendo ela desagradável e esteja condenando os seus próprios pensamentos e planos. Mas, a parte final desta frase nos mostra que estas palavras são impensadas, egoístas e injustificadas, pois Ezequias se preocupou apenas com o seu tempo. Talvez, o rei até tenha reconhecido que Judá merecia o julgamento divino, mas a sua falta de preocupação pelo bem-estar do seu povo não demonstrou compaixão por eles.
Precipitou-se o rei Ezequias porque não pediu a orientação de Deus, ensoberbeceu-se diante da comitiva, não testemunhou do poder de Deus e mostrou seus segredos sem atinar-se para as reais intenções de Merodaque-Baladã. O rei foi repreendido por não ter pensado no perigo que era estar a mostrar a sua riqueza aos líderes pagãos da Babilônia.
Precisamos aprender a orar nas circunstâncias de desespero e agradecermos a Deus pelas vitórias concedidas, nos precavendo sempre do orgulho que pode nos conduzir a um comportamento louco e prejudicial e refletir antecipadamente nas consequências dos nossos atos a longo prazo. Também não podemos nos esquecer de que neste momento o rei Ezequias estava desamparado de Deus para ser provado. Isso nos mostra o que somos sem Deus, pessoas completamente egoístas, imprudentes, que desvaloriza e negligencia a orientação divina.
Conclusão
Quero terminar esta mensagem destacando o que a Palavra de Deus diz sobre Ezequias:
5  Confiou no SENHOR, Deus de Israel, de maneira que depois dele não houve seu semelhante entre todos os reis de Judá, nem entre os que foram antes dele.
6  Porque se apegou ao SENHOR, não deixou de segui-lo e guardou os mandamentos que o SENHOR ordenara a Moisés (2 Rs 18.5-6).
Apesar da diferença de conduta encontrada em Ezequias neste episódio, a Palavra de Deus o coloca como um grande homem, um homem de fé que agradou ao seu Deus. Isto nos demonstra que, na avaliação de nossa vida, os padrões de Deus são muito diferentes dos nossos padrões. Os padrões daquele que é Santo, Santo, Santo são muito mais relativos do que os daqueles que são imperfeitos, pecadores e miseráveis. Às vezes, taxamos, rotulamos uma pessoa por causa de um ato, de uma atitude impensada, de um deslize momentâneo e olhamos para ela com o canto dos olhos, desconfiados, receosos, com descrédito e desprezo. Temos muita facilidade em esquecer-se de uma vida inteira de dedicação, pois temos os olhos fechados e despercebidos para as virtudes, mas escancarados e atentos para os defeitos. Somos completamente falhos, mas tremendamente exigentes. Tratamos aqueles que falham como se não tivéssemos nenhuma imperfeição, como os fariseus trataram aquela mulher adúltera diante de Jesus, com as mãos cheias de pedras e com o coração vazio de amor e de misericórdia, mas que diante daquele que não esmaga a cana quebrada são constrangidos a se calarem, jogarem as pedras ao chão e a saírem envergonhados.
A experiência de Ezequias nos mostra que devemos estar sempre alertas, pois depois de uma grande vitória, podemos ser facilmente derrotados. A experiência de Ezequias nos mostra o tanto que Deus prova os corações, pois mesmo depois de aprovados, somos provados novamente por Deus. A experiência de Ezequias nos mostra que Deus nos coloca diante de todas as circunstâncias para ver nossa reação, para conhecer nossas atitudes. A experiência de Ezequias nos mostra que não podemos ficar em nenhum momento sem o Senhor e para isso precisamos buscá-lo a todo instante. Um minuto sem Deus é suficiente para afundarmos em um abismo profundo. Que Deus te abençoe a estar em constante comunhão com o Senhor! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com

Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

domingo, 2 de setembro de 2012

A ANSIEDADE

4  Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.
5  Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.
6  Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.
7  E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.
8  Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.
9  O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco (Fp 4.4-9).
Introdução
O século passado tem sido reconhecido como o século da ansiedade. Um mal que se instalou na vida das pessoas devido a pressa e ao consumismo do mundo moderno. Podemos dizer que não há ser humano que, de uma forma ou de outra, não tenha lidado com o problema da ansiedade. Somos expostos a situações em que, muitas das vezes, fogem ao nosso controle, e sempre que lidamos com algo não esteja sob nosso controle temos a tendência de ficarmos inquietos, inseguros e ansiosos.
Estudiosos do comportamento humano tem observado na população um crescente nível de preocupação a despeito de todos os inventos e tecnologias modernas, criadas justamente para “facilitar a vida do homem”. É certo que os inventos tecnológicos reduzem o tempo, diminuem as distâncias, incrementam a comunicação, mas com tudo isso estamos ao alcance de uma doença silenciosa que pode ser considerada a mais grave do século, de forma que ninguém está livre dela, pois ela atinge tanto crianças (que já possuem uma agenda intensa), adolescentes (estudo, vestibular, primeiro emprego), jovens (namoro, casamento, estabilidade, casa própria) e pessoas maduras (sobrevivência, aposentadoria).
As vantagens da vida atual trazem consigo mais preocupações. As contas mensais aumentam a medida que aumenta o conforto que trazemos para dentro de casa. Precisamos desembolsar, mensalmente, a mensalidade escolar, a conta de água, luz, telefone, Internet, manutenção do computador, sem falar da previdência privada, no seguro de vida, do plano de saúde e etc.
Há a preocupação com a situação econômica do País e a ansiedade bate a nossa porta quando o desemprego deixa de ser apenas um índice nas pesquisas e se torna um problema familiar, ou pior, pessoal. As pessoas vivem apreensivas quanto ao seu futuro. Ninguém mais tem certeza de estabilidade no emprego.
Do mesmo modo, a violência, que faz o prato principal dos telejornais e que entra em nossa sala, mas se limita somente a televisão, de repente nos atinge de cheio, vitimando a nossa própria família.
Ninguém mais tem certeza dos princípios morais. As coisas passaram a ter mais valor que as pessoas. Este é um ponto muito importante, porque muitos dos problemas da ansiedade estão relacionados com o pecado e contra este mal não existe remédio, não existe calmante, não existe entretenimento que pode solucionar qualquer ansiedade que seja fruto de pecado.
Neste cenário da vida, não surpreende a aflição que pais e mães podem ter na criação e educação de seus filhos. Tudo isso gera ansiedade. Mas como lidar com a preocupação, com a ansiedade? Os princípios que o Apóstolo Paulo apresenta no texto acima poderão nos ajudar a vencer a ansiedade.
1 – AS CAUSAS DA ANSIEDADE
São diversas as suas causas, mas estudaremos apenas três que serão suficientes para se obtiver uma visão geral do problema.
A – Apreensão quanto ao futuro
Não conhecemos o futuro. Mas baseados no presente, podemos ter algumas intuições sobre o que virá. Pelo que passamos e pelo que vivemos, tendemos a sofrer antecipadamente. Como será minha velhice? Quando e como vou me aposentar? O que será de meus filhos?
Além disso, planos que temos e ainda não foram concretizados geram ansiedade. Quando vou ter minha casa própria? Ou quando vou terminar? Ou quando vou reformar? Quando vou ter meu carro? Quando vou ter meu próprio negócio? Estas são perguntas típicas que geram ansiedade.
Segundo o dicionário Aurélio, ansiedade é definida como “estado afetivo em que há sentimento de insegurança”. Em todas as causas da ansiedade, poderemos sempre associar o fator “insegurança” como determinante para o aparecimento desse “estado afetivo”. Jesus ensina que a ansiedade é desnecessária, inútil e pecaminosa, e nos estimula a darmos prioridade ao Reino de Deus.
Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? (Mt 6.27).
Por mais ansioso que você esteja não pode acrescentar 45 cm ao curso de sua vida. Você não pode ampliar os horizontes de sua vida pelo fato de estar ansioso,
Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal (Mt 6,34)
Amanhã você terá razão para se preocupar por que fazer isso hoje? A cada dia bastam as suas próprias dificuldades. A dificuldade de cada dia seria para nós como a carga que o nosso caminhão consegue levar por dia. Cada dia, uma carga nova. A ansiedade é comparada ao fato de pegarmos a carga do dia de amanhã e acrescentarmos na de hoje, E muitas vezes pegamos a carga do dia de ontem, que já se foi, e também acrescentamos ao de hoje. É por isso que a ansiedade é responsável por tantos desgastes físicos e emocionais: carga emocional excessiva.
O Senhor Deus, a quem você serve, tem cuidado de você. Ele é o Senhor, Ele cuida dos pássaros que não semeia e nem ajunta em celeiros e você vale mais do que os pássaros. Deus cuida de você. Deus sabe quem é você.
B – Apreensão quanto as nossas necessidades
O discurso de Jesus no Sermão do Monte denuncia a preocupação exagerada com vestuário e alimentação, necessidades básicas para a sobrevivência humana.
Por isso, vos digo: Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? (Mt 6.25).
Jesus demonstra com esta ilustração que não precisamos ficar ansiosos, pois aquele que nos dá o mais importante, que é a vida e o corpo, nos dará também as vestes e o alimento. Sabemos disso, mas na pressa do dia a dia tendemos a nos esquecer, principalmente quando nos deparamos com um punhado de contas a pagar e o dinheiro, muitas vezes, é curto demais para elas.
O cuidado para com nossos queridos e a dificuldade em prover para eles o necessário, faz surgir em nosso coração a ansiedade. O Salmo 127 mostra que a ansiedade leva a pessoa a um desgaste físico e emocional exagerado.
Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados Ele o dá enquanto dormem (Sl 127.1,2).
C – Apreensão diante das dificuldades.
Viver é correr riscos. É transitar por estradas que algumas vezes serão úmidas, mas que outras serão áridas e secas; com paisagens floridas e belas, mas outras cheias de galhos secos e espinhos; estradas retas e planas, mas as vezes pedregosas, com muitos obstáculos e cheias de curvas.
Ninguém pode afirmar categoricamente que alguém da família não enfrentará uma doença, ou que não terá tristezas provocadas por um filho ou por uma filha. Em determinados momentos da vida enfrentamos problemas colossais, maiores que a gente, e muitas vezes parecendo maiores que a nossa fé. Isso também gera ansiedade.
Quem não lida com estes problemas? Se alguém afirmar que nunca enfrentou algum destes problemas em sua vida podemos duvidar de sua honestidade. O problema não consiste em sermos apreensivos, mas na intensidade de nossa apreensão. Há pessoas que pensam somente nas coisas terrenas, pensam que a vida é constituída de ter e ter sempre mais e nunca estar satisfeito, vivendo em uma corrida frenética para ter, para possuir, para juntar.
A Bíblia não censura a precaução e nem a prevenção, pois diz:
6  Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio (Pv 6.6).
E a formiga trabalha e ajunta para o período do inverno. Até nos pássaros existe este cuidado, pois migram de um lugar para outro em busca de melhor condição de sobrevivência. Então, ansiedade não significa que você não precisa se preocupar em ter o melhor desenvolvimento, ter melhor salário, ter uma vida melhor para você e sua família, mas o perigo é a ansiedade em que você não vive feliz, seguro, confiando em Deus, descansando na providência e nos cuidados de Deus.
2 – COMO LUTAR CONTRA A ANSIEDADE
Agora vamos nos voltar ao ensino do Apóstolo Paulo em nosso texto básico. Paulo sabia que a ansiedade é uma inimiga que ronda constantemente a vida de um cristão. Daí ele recomenda algumas soluções práticas e simples para a ansiedade.
A – Não dar lugar à ansiedade
6  Não andeis ansiosos de coisa alguma...
Lembra o que é ansiedade? É um sentimento de insegurança. A ansiedade tem relação com o que pensamos e sentimos. Ela é iniciada em nossa mente e atinge nossas emoções. A ansiedade é gerada por um pensamento deficiente que gera um sentimento desconfortável. Assim, se começarmos a olhar demais para o problema e se envolver com raciocínios negativos, certamente a ansiedade se instalará em nós.
A ansiedade é ocupar-se com algo antecipadamente.  Ansiedade é preocupação, é você angustiar-se antes do problema estar existindo, de tal forma que a ansiedade não te ajuda no agora, mas rouba a sua energia no agora. Ela não torna o seu hoje melhor, mas ela frustra o seu amanhã. A ansiedade é prejudicial porque ou ela te faz sofrer inutilmente ou te faz sofrer duas vezes. Lembram das palavras de Jesus em Mt 6.34?
Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal (Mt 6,34)
Jesus nos ensina que não devemos ter “os cuidados de amanhã no dia de hoje”, pois a preocupação se torna dupla. O dia de amanhã é para ser vivido amanhã. Se nos ocuparmos agora do dia de amanhã, desperdiçamos o dia de hoje.
Ansiedade se relaciona intimamente com a dúvida. Uma parte de nossos pensamentos confia no Senhor, outra não. E muitas vezes não temos coragem de afirmar isso explicitamente, mas esta verdade se torna claro, quando pensamos que Deus é mais real na vida de outras pessoas do que na minha, e começamos a pensar que “não sou digno da atenção de Deus” ou outras considerações semelhantes. Na verdade, com esse modo de agir, estamos desistindo de confiar em Deus.
Para o apóstolo Paulo, todos nós temos o privilégio de ser objeto do cuidado de Deus. Por isso que ele nos exorta: “Não andeis ociosos de coisa alguma”.
B – Tirar o foco do problema e mantê-lo em Deus
Quando um problema chega, as vezes ele nos envolve de tal maneira que não conseguimos raciocinar lucidamente, não conseguimos orar com clareza de forma que ficamos totalmente envolvidos pelo problema.
Quando Paulo escreveu a carta aos filipenses, ele não estava livre, mas estava preso, estava no corredor da morte, diante da possibilidade de ser degolado, mas em momento algum essas circunstâncias o impediu de pregar o Evangelho e a plantar Igrejas. Ele chegar a dizer:
12  Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho (Fp 1.12).
A Igreja para quem ele escreve também estava enfrentando muitas lutas com crises e perseguições, e para aquela Igreja Paulo vai dizer:
1  Portanto, meus irmãos, amados e mui saudosos, minha alegria e coroa, sim, amados, permanecei, deste modo, firmes no Senhor (Fp 4.1).
Quando as circunstâncias são adversas somos levados a olharmos para o problema ao invés de olharmos para o Deus que está no controle do problema. Mesmo sabendo que Deus está no controle, somente pelo fato de não sabermos o curso que Deus vai dar à solução do problema que estamos vivendo já ficamos ansiosos.
A verdade é que Deus não nos promete uma caminhada fácil, mas sim uma chegada segura, por isso, na caminhada para o céu há lutas, há vales, há desertos, há perigos e este caminho é juncado de espinhos. Tudo isso gera em nós a ansiedade. O Apóstolo Paulo aprendeu a lidar com isso e percebemos isso quando ele diz:
11  ... porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.
12  Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez;
13  tudo posso naquele que me fortalece (Fp 4.11-13).
E ele ainda vai dizer à Igreja que tudo que lhe aconteceu contribuiu para o crescimento do Evangelho.
C – Quando a situação está adversa descanse em Deus
Há momentos na vida em que não temos condições de controlar a situação. Já passou pela situação em que você não consegue mais administrar o problema que te aflige? Lembram da experiência de Paulo indo para Roma em que enfrenta um naufrágio? Diz a Bíblia que por vários dias eles não conseguiam distinguir se era dia ou noite e a melhor solução que encontraram foi a de soltar os lemes, não adiantava mais ficar com os lemes na mão, o navio não obedecia mais ao comando, largaram e foram se deixando levar.
Tem hora que se você quiser administrar a solução você não consegue. É hora de você confiar que Deus está no controle mesmo quando você já perdeu o controle. Quando você não consegue mais dar rumo, dar direção à situação, chegou a hora de confiar em Deus e saber que mesmo você não tendo mais o controle da situação Deus não perdeu o controle, Ele está no comando.
Diz a Bíblia que os discípulos lutavam contra uma tempestade das seis da tarde às três horas da madrugada, sendo nove horas de pânico, de desespero, de tensão com ondas enormes ameaçando-os e Jesus chega até eles andando sobre o mar. Por quê? Para lhes mostrar que o mar era algo que eles não administravam, que as ondas estavam acima deles, mas aquilo que os ameaçavam estava ali debaixo de Seus pés. Jesus estava pisando sobre aquilo que os ameaçavam. Isso nos ensina que Jesus tem o controle sobre aquilo que conspira contra nós.
3 – AS ARMAS QUE ANULAM OS EFEITOS DA ANSIEDADE
Saber que a ansiedade provém de insegurança e preocupação excessiva é importante, mas pode não solucionar o problema. Uma pessoa pode estar muito bem informada dos malefícios que o cigarro produz no organismo e mesmo assim continuar fumando. É necessário tomar uma atitude e abandonar a prática. Com a ansiedade se dá a mesma coisa. É preciso eliminá-la. Mas como fazer isso?
A – Com a oração
6  Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica ...
Paulo está dizendo que vamos curar a ansiedade quando buscarmos a Deus em oração. Deus se importa conosco e com os nossos problemas. Algo que nos preocupa interessa a Deus também. E Ele sabe que existem problemas além de nossa capacidade de solução. E são esses problemas que provocam preocupações e ansiedade. Aquilo que não podemos resolver, Deus pode. Se olharmos demais para o problema, passamos a nos esquecer de que Deus é muito maior. Por isso precisamos olhar para os céus e lembrar que Deus é maior que tudo, superior a tudo e, na Sua grandeza, Ele cuida de nós.
Colocamos diante de Deus nossa aflição pela oração. Oração aqui é aquela que fazemos diariamente, seja em nossos momentos devocionais, na Igreja ou com a família. Portanto, é necessário sempre mantermos momentos especiais para orar, abrir o coração para Deus.
Paulo recomenda também a súplica para que a ansiedade seja suprimida de nosso interior. Suplicar é derramar o coração diante de Deus. É gritar por socorro sem rodeios, como alguém que está se afogando. É uma oração mais insistente, mais urgente.
B – Com a gratidão
6  ... com ações de graças.
É adorar a Deus pelo que Ele é e agradecer pelo que Ele faz. O coração agradecido evita a preocupação, ou ameniza o peso do dia de amanhã. Agradecemos porque conhecemos a quem confiamos nossa aflição. Na verdade confiamos a Ele nossa própria vida. Eliminamos a ansiedade que é gerada pela dúvida e colocamos no lugar a ação de graças gerada pela confiança em Deus. Quando nos lembramos da bondade de Deus, nos tornamos mais confiantes para enfrentarmos as dificuldades de cada dia. A Bíblia testifica claramente essa bondade divina. A fidelidade de Deus nos assegura que assim como Ele foi com nossos pais no passado, Ele será no presente e até o fim. Deus não muda, e por isso Ele é digno de toda a confiança.
Paulo não foi poupado da prisão, não foi poupado pelos açoites e nem foi poupado da guilhotina e a beira do martírio ele escreve a Igreja e diz:
6  Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.
Paulo sabia valorizar a ação de graças. Sempre iniciava suas cartas agradecendo. Incentivava seus leitores a essa prática saudável. Ele sabia que agradecer é reconhecer o Deus que temos: um Deus cheio de amor e de bondade.
C – Com pensamentos saudáveis
8  Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.
Experimentamos a ação de Deus em nossa vida em resposta a nossa oração por auxílio e com ações de graças. Mas ainda continuamos sendo humanos e o risco que corremos é retornarmos aos poucos àquela ansiedade que tanto nos incomodava.
É como cortar a grama do jardim e arrancar as ervas daninha. No começo tudo é muito bonito, mas depois a grama e as ervas começam a crescer, desfigurando novamente o jardim. Isso não acontece de um dia para o outro, mas aos poucos. O mesmo pode ocorrer com a ansiedade que lançamos diante de nós. Um pensamento furtivo aqui, outro ali, e novamente a ansiedade está de volta, roubando nossa paz e alegria. O que fazer? Lembremo-nos que a ansiedade começa na mente, com os pensamentos, portanto, devemos cuidar do que pensamos.
Paulo nos motiva a não somente pensar, mas a agir também. Praticando as virtudes que aprendemos de seus exemplos na Bíblia.
Conclusão
Paulo nos dá uma receita infalível. Se seguirmos todos os passos, se utilizarmos todos os ingredientes corretamente o resultado é o sucesso. No caso, a vitória sobre a ansiedade.
Precisamos aprender a conviver com a ansiedade e reduzi-la a níveis suportáveis. O ensino bíblico não é que devemos eliminá-la de nossa vida. Isso seria praticamente impossível. Mas não podemos deixar esse fardo ser maior do que as nossas forças. O desafio é aprender a viver um dia de cada vez.
É importante não confundir contentamento com comodismo. Contentamento é fruto de um espírito grato a Deus por tudo o que Ele já permitiu alcançar. Comodismo é fruto de uma alma preguiçosa que não deseja chegar a lugar algum além daquele onde está.
A luta contra a ansiedade não tira do cristão a sadia ambição de alcançar outros alvos tanto na vida espiritual quanto na material, mas coloca todos os objetivos na perspectiva da vontade de Deus e dá ao crente a tranquilidade dos que conhecem o seu divino poder.
Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com