Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

QUANDO DEUS TRANSFORMA AS PERSPECTIVAS NEGATIVAS EM VITÓRIAS



1 Nos dias em que julgavam os juízes, houve fome na terra; e um homem de Belém de Judá saiu a habitar na terra de Moabe, com sua mulher e seus dois filhos.
2  Este homem se chamava Elimeleque, e sua mulher, Noemi; os filhos se chamavam Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; vieram à terra de Moabe e ficaram ali.
3  Morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com seus dois filhos,
4  os quais casaram com mulheres moabitas; era o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos.
5  Morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando, assim, a mulher desamparada de seus dois filhos e de seu marido.
6  Então, se dispôs ela com as suas noras e voltou da terra de Moabe, porquanto, nesta, ouviu que o SENHOR se lembrara do seu povo, dando-lhe pão.
19  Então, ambas se foram, até que chegaram a Belém; sucedeu que, ao chegarem ali, toda a cidade se comoveu por causa delas, e as mulheres diziam: Não é esta Noemi?
20  Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara, porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso.
21  Ditosa eu parti, porém o SENHOR me fez voltar pobre; por que, pois, me chamareis Noemi, visto que o SENHOR se manifestou contra mim e o Todo-Poderoso me tem afligido (Rt 1.1-6, 19-21)?
13 Assim, tomou Boaz a Rute, e ela passou a ser sua mulher; coabitou com ela, e o SENHOR lhe concedeu que concebesse, e teve um filho.
14  Então, as mulheres disseram a Noemi: Seja o SENHOR bendito, que não deixou, hoje, de te dar um neto que será teu resgatador, e seja afamado em Israel o nome deste.
15 Ele será restaurador da tua vida e consolador da tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz, e ela te é melhor do que sete filhos.
16 Noemi tomou o menino, e o pôs no regaço, e entrou a cuidar dele.
17 As vizinhas lhe deram nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho. E lhe chamaram Obede. Este é o pai de Jessé, pai de Davi (Rt 4.13-17).

Introdução

Noemi viveu durante o período dos juízes, que foi um dos tempos mais turbulentos da história de Israel. Período de apostasia religiosa, período de instabilidade política, período de insegurança para a família. Neste cenário político e econômico acontece a história de Elimeleque e sua família.
Alguns estudiosos acreditam que a família de Elimeleque fazia parte da aristocracia judaica, sendo uma família rica, nascida em berço de ouro. Mas esta família começa a enfrentar, de repente, uma crise que se instala e trás apertos tremendos. Vamos ver como esta família, especialmente Noemi, enfrenta as tragédias da vida e a forma como Deus transforma esta crise em grandes vitórias na vida desta mulher.
O nome Noemi significa ditosa, feliz. Mas, a história de Noemi é marcada por grandes desalentos, grandes perdas, grandes traumas. A história de Noemi fornece para nossas vidas lições muito oportunas porque nesta história podemos ver a mão poderosa de Deus agindo de forma tão sublime que transforma as tragédias na vida desta mulher em tremendas vitórias.

1 – UM PANORAMA DO QUADRO NEGATIVO: AS TRAGÉDIAS VIVENCIADAS POR NOEMI

Que tragédias atingem esta família?

A – A tragédia da fome e a fuga da crise

1 Nos dias em que julgavam os juízes, houve fome na terra...

A Bíblia diz que houve fome na terra. A fome chegou se instalou e trouxe profundas angústias para aquela família, de forma que a fome é o primeiro drama que atinge esta família. Esta família morava em Belém, que significa a casa do pão, mas estava faltando pão exatamente na casa do pão, pois havia fome em Belém, cidade em que um dia nasceria o rei Davi e o próprio Messias de Israel. E quando a crise da fome se instala esta família, com medo de perecerem ali, decidiu não mais permanecer em Belém e resolveram deixar suas terras.

1 ... e um homem de Belém de Judá saiu a habitar na terra de Moabe, com sua mulher e seus dois filhos.

O que podemos notar aqui é que eles não aguardaram, eles não esperaram, eles não oraram, eles não lutaram contra a maré, eles não enfrentaram a crise de frente, cara a cara, eles acharam melhor fugir. E nem sempre é prudente fugir.
Muitas vezes não temos paciência para esperarmos a crise passar, para esperarmos o problema assentar, para esperarmos um novo horizonte, uma nova perspectiva de vida, achamos mais cômodo fugir, mas nem sempre fugir é a melhor solução.
O fato é que a fome é algo dramático. Não sei se você já passou alguma crise ao ponto de passar fome. Talvez nunca tenha passado por fome na vida. Por mais limitada que seja sua situação financeira, por mais apertada que seja sua economia, talvez não saiba o que seja a falta de pão sobre a sua mesa.
A família de Noemi fugiu da crise procurando sobrevivência e encontrou a morte. Em Moabe eles não encontraram a sobrevivência, eles encontraram a morte. Diz a Bíblia que morreu Elimeleque, morreu Malom e morreu Quiliom. Eles, procurando a sobrevivência, a segurança, encontraram a doença, encontraram a morte, encontraram o final da linha.
A crise um dia chega para você, chega ao seu casamento, chega à sua empresa, chega às suas finanças, chega para sua família. O que fazer quando a crise se estabelece em sua vida? Muitas pessoas fogem, muitas pessoas desistem, muitas pessoas correm, muitas pessoas buscam alternativas por não terem paciência de esperar. Não fuja da crise. Nem sempre fugir é o melhor caminho.

B – A tragédia das perdas e da despedida

3  Morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com seus dois filhos,
4  os quais casaram com mulheres moabitas; era o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos.
5  Morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando, assim, a mulher desamparada de seus dois filhos e de seu marido.

Noemi fugiu de Belém para Moabe a fim de escapar da crise e ali sofreu as mais profundas perdas de sua vida, perdas não de coisas, mas de pessoas, pois perdeu o marido e seus dois filhos.
Noemi, agora, está em terra estranha, viúva, sem filhos, sem dinheiro, sem amigos e sem família. Ela não perdeu apenas dinheiro, mas perdeu relacionamentos. Ela não perdeu apenas o supérfluo, mas perdeu o essencial. Ali, Noemi viveu o drama da solidão. Ela ficou só em uma terra estranha. Não tinha ninguém para socorrê-la, não tinha um parente para buscar ajuda. Ela estava absolutamente só.
Restaram para Noemi apenas as suas duas noras que a trataram com humanidade, com amor, com zelo, com grande apreço, entretanto, chega o momento em que Noemi precisa despedir-se também de suas noras.

8  disse-lhes Noemi: Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o SENHOR use convosco de benevolência, como vós usastes com os que morreram e comigo.

Noemi entende que não pode mais ser um peso para suas noras. Ela entende que suas noras precisam casar-se mais uma vez e constituírem famílias, porque eram mulheres jovens e se não se casassem ficariam desamparadas. Ela agora está se despedindo das únicas pessoas que podem ter um significado real em suas vidas. Ela está se despedindo das únicas pessoas que poderiam dar a ela esperança de ter um futuro, de ter a sua descendência viva sobre a face da terra. Ela abriu mão, voluntariamente, de suas noras. Não é fácil você despedir-se de quem você ama. Não é fácil você abrir mão de quem você não somente ama, mas precisa, necessita, carece. Noemi enfrenta mais esta crise! O drama da despedida!
Talvez esta seja a crise que você esteja vivenciando hoje em sua vida. A crise das perdas. Perdas importantes. Perdas significativas. Perdas de coisas, perdas de relacionamentos, perdas de pessoas que você amava profundamente e que te deixou de repente, inesperadamente, e você se sente só. Ou talvez tenha se despedido de pessoas muito queridas e tenha que viver longe delas, cujas presenças você sinta tanta falta.

C – A tragédia da amargura contra Deus

13  ... Não, filhas minhas! Porque, por vossa causa, a mim me amarga o ter o SENHOR descarregado contra mim a sua mão.

Esta, talvez, seja a crise mais aguda de Noemi. Segundo Noemi, Deus havia descarregado a sua mão contra ela. Deus havia pesado a mão sobre ela. Deus a estava esmagando! Noemi pensa que Deus é o grande protagonista de sua tragédia. Ela atribui a Deus todo o seu sofrimento, a sua viuvez, a perda de seus filhos, e agora, a perda e a despedida de suas noras. Olhe o que ela diz no verso 20:

20  Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara, porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso.

Ela está no meio de uma crise e atribui a Deus esta crise. Ela olha para Deus e diz: Deus, Tu és o culpado pela situação que estou vivendo. Ela se volta contra Deus! Ela está amargurada com Deus! Ela está decepcionada com Deus! E ela prossegue dizendo:

21  Ditosa eu parti, porém o SENHOR me fez voltar pobre; por que, pois, me chamareis Noemi, visto que o SENHOR se manifestou contra mim e o Todo-Poderoso me tem afligido?

Ela diz que Deus está contra ela. Que Deus a está afligindo. Ela está dando o seu depoimento e há uma ponta de mágoa, há uma ponta de decepção em sua relação com Deus. Ela está dizendo que foi para Moabe ditosa, feliz, mas que está voltando afligida, pobre e ela diz que foi Deus quem a fez voltar assim.
Talvez não haja crise maior do que esta, de você estar no meio de uma situação adversa e dizer: Deus é o culpado! Deus não moveu uma palha para me ajudar. Deus não está do meu lado. Deus estancou, fechou a torneira de seu amor por mim. Deus se esqueceu de mim. Deus não se importa comigo. Deus não está ouvindo minhas orações. Deus não está olhando para meu sofrimento. Deus não está vendo as minhas lágrimas. Deus está longe de mim. Deus está descarregando sobre mim a sua mão para me esmagar. Talvez esta fosse a crise mais aguda que Noemi estivesse enfrentando. A crise da auto piedade. A crise de olhar para o passado e não ter motivos para se alegrar.

2 – UM PANORAMA DO QUADRO POSITIVO: AS VITÓRIAS CONQUISTADAS POR NOEMI

Quando olhamos para o quadro final da vida de Noemi, podemos ver que o final da linha é de louvor, de adoração, de intervenção divina e de manifestação da graça de Deus, pois Noemi recebe um genro, um neto e solidifica sua relação com a nora.

A – Deus levanta um homem rico em Israel, um homem piedoso, para desposar Rute

13 Assim, tomou Boaz a Rute, e ela passou a ser sua mulher (Rt 4.13)...

Aquela nora que Noemi mandara voltar para sua casa paterna por não mais ter filhos para desposá-la encontra agora, pela providência de Deus, um homem, e não é um homem comum, é um homem rico, piedoso que se interessa e se apaixona por Rute e a toma por esposa. Olha que mudança, que transformação no quadro geral da vida destas mulheres! E tem mais:

B – Deus concede um filho a Rute, um neto a Noemi

13 ... coabitou com ela, e o SENHOR lhe concedeu que concebesse, e teve um filho (Rt 4.13).

Noemi, que não tinha mais esperança de posteridade depois da morte de seu esposo e de seus filhos, vê nascer de sua nora um neto:

14  Então, as mulheres disseram a Noemi: Seja o SENHOR bendito, que não deixou, hoje, de te dar um neto que será teu resgatador, e seja afamado em Israel o nome deste (Rt 4.13, 14).

E este menino não é um neto qualquer, mas alguém que seria afamado em Israel:

17 As vizinhas lhe deram nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho. E lhe chamaram Obede. Este é o pai de Jessé, pai de Davi (Rt 4.17).

Este menino que nasceu foi o pai de Jessé, que foi o pai de Davi. Ele foi o avô do grande rei Davi e faz parte da Genealogia de Jesus, do Filho de Deus. E a própria Noemi criou o menino:

16 Noemi tomou o menino, e o pôs no regaço, e entrou a cuidar dele (Rt 4.16).

A sogra e também avó está cuidando da criança com todo carinho. E a criança tinha uma relação tão intima com Noemi que as vizinhas consideravam que quase fosse filho de Noemi:

17 As vizinhas lhe deram nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho... (Rt 4.17).

Aquela que não tinha mais esperança de acalentar no colo uma criança tem a oportunidade de cuidar, de acalentar o próprio neto. Que mudança de cenário houve na vida desta mulher!

C – Deus consolida o relacionamento entre a sogra e a nora

O verdadeiro amigo não foge na hora da crise. Rute era amiga de sua sogra e não fugiu quando a crise chegou. Olhe a declaração de amizade que Rute fez a Noemi:

16  Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.
17  Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o SENHOR o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.

Esta declaração de amor não é uma declaração feita de um homem apaixonado para sua amada, mas a declaração de uma nora para sua sogra, uma sogra pobre, viúva, estrangeira e solitária.
Rute, depois de se casar com Boaz, poderia ter pensado: agora não preciso mais de minha sogra, agora ela se vira, agora constituí a minha família e ela vai cuidar da vida dela. Mas, não é isso que o texto diz:

15 Ele será restaurador da tua vida e consolador da tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz, e ela te é melhor do que sete filhos (Rt 4.15).

A Bíblia diz que o testemunho da cidade de Belém é que Rute ama Noemi e que Rute é melhor do que sete filhos para Noemi. Deus estava honrando Noemi. Deus estava revertendo o quadro da vida de Noemi. Deus estava reacendendo a chama da esperança no coração de Noemi. Isso nos ensina uma lição muito preciosa:

3 – DEUS É PODEROSO PARA TRANSFORMAR AS CALAMIDADES DA VIDA EM VITÓRIA

Quando você olhar para a vida e não enxergar um sentido, atente para o fato de que Deus é bom e Poderoso o suficiente para transformar os desastres da vida em vitória. Atente para princípios que poderão nos conduzir à vitória mesmo que o caminho que estejamos percorrendo seja o caminho da incerteza.

A – Quando enfrentar circunstâncias difíceis creia que Deus está no comando

Quando você pensa que não tem mais jeito, que não tem mais saída, que não tem mais solução, saiba que Deus continua no controle e pode fazer maravilhas na sua vida.
Noemi pensou que não tinha mais futuro, que a vida dela tinha acabado, que ela não podia mais gerar filhos para suas noras se casarem. Noemi não divisava o que Deus estava para fazer em sua vida: levantar um homem rico em Israel, um homem piedoso em Israel, que haveria de desposar Rute, sua nora e haveria de dar a ela um neto que iria perpetuar na história a sua família. Lembra da declaração de Noemi?

21  Ditosa eu parti, porém o SENHOR me fez voltar pobre; por que, pois, me chamareis Noemi, visto que o SENHOR se manifestou contra mim e o Todo-Poderoso me tem afligido?

Ela estava iludida, pois Deus não a tornou pobre, Deus não estava esmagando a vida dela, mas Deus estava levantando Noemi para construir uma das histórias mais romântica, mais bela da Bíblia.
As vezes, nós só enxergamos o aqui e agora, mas não levantamos os olhos para ver mais a frente, para ver a beleza do quadro que Deus está pintando em nossa vida, o qual vai manifestar a glória do Seu nome, a beleza de Sua providência e o Seu sublime amor. Que palavras bonitas a de Davi quando disse:

1 Esperei confiantemente pelo SENHOR; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro.
2  Tirou-me de um poço de perdição, de um tremedal de lama; colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos.
3  E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão essas coisas, temerão e confiarão no SENHOR (Sl 40.1-3).

Nós cremos em uma verdade que é consoladora: a Soberania de Deus. Quando a crise se instalar em sua vida, quando você não ter mais um horizonte para olhar, quando você tiver um nevoeiro toldando os olhos e sua estrada, o seu caminho estiver completamente cercado, neste momento, descansa na verdade de que você perdeu o controle da situação, mas Deus não perdeu o controle. Você não sabe para onde vai, mas Deus sabe para onde está te levando. Você não sabe o que fazer, mas Deus sabe para que está levantando você. Deus é Soberano e Ele sempre está no comando.
Quando você pensa que acabou, quando você pensa que está no final da linha, quando você pensa que não tem mais jeito, Deus apresenta uma solução, porque Deus continua no Trono, Deus continua escrevendo a história, Deus continua levantando àqueles que nada são para envergonhar àqueles que são. Quando as coisas parecem sem sentido nenhum, Deus está escrevendo a história para o louvor de sua própria glória. Creia que Ele está no controle.

B – Quando enfrentar circunstâncias difíceis não se de por vencido e não perca a esperança

Quando Noemi disse para suas noras: Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe, ela está dizendo: acabou! A cortina se fechou! Não tem mais jeito! Não tem mais saída! Não tem mais esperança! Não tem mais solução! Vamos escrever logo o epílogo da história da minha vida! Não tem mais nenhuma possibilidade de reconstruir minha vida com perspectiva, com sonhos! Era isso que ela estava dizendo.
As vezes a gente entra na vida e no primeiro tempo a gente leva uma goleada e ai a gente pensa que não tem mais jeito de virar este jogo. Mas o jogo ainda não acabou! Ainda tem o segundo tempo! Ainda tem esperança! O último capítulo de sua vida ainda não foi escrito! Deus ainda está trabalhando e não há Deus como o nosso Deus para aqueles que esperam nele! Ele luta em favor de seus filhos. Aos seus amados, Ele dá o pão enquanto dormem. Deus está trabalhando, ainda que você não veja! Ainda que o nome dele não apareça! Ainda que você não veja sinais visíveis e eloquentes da ação de Deus, Ele está agindo! Deus trabalha até agora, diz a Escritura, por isso não desanime! Não importa o resultado do jogo no primeiro tempo, existe o segundo tempo ainda. Deus pode virar este resultado! Deus pode reverter a situação! Deus pode mudar esta cena! Deus pode construir uma nova história em sua vida! Deus pode fazer acontecer um fato novo em sua vida!
Quem olhasse para Abrão com 100 anos de idade com a promessa de um filho acharia ele louco, pois quem acreditaria que um homem de 100 anos, com uma esposa de 90 anos, cujo filho ainda não tinha nascido, seria pai de uma grande nação? Mas o último capítulo da história de Abraão não havia sido escrito ainda, porque Deus fez mudar a sorte dele e lhe deu o filho da promessa.
Quem olhasse para Moisés, aos 80 anos de idade, segurando um bordão pelas encostas do monte Sinai, poderia dizer: este homem que trocou o palácio pelo deserto, que trocou o cetro de um rei por um bordão de pastor é um louco, mas foi através deste homem que Deus libertou da escravidão do Egito o Seu povo!
Deus reverteu a história com um homem de 100 anos e outro de 80 anos de idade. Isso nos mostra que não tem idade para se sonhar! Não tem idade para um novo projeto! Não tem idade para um novo desafio! Não tem idade para uma nova vitória! Não pendure a sua chuteira! Não saia da luta! Não desista de esperar um fato novo da parte de Deus em sua vida! Deus pode começar a construir um fato novo em sua vida na fase final de sua existência!
Sabe o que significar esperar? É, apesar da circunstância, você dizer o seguinte: amanhã vai ser melhor. E se alguém lhe perguntar: por que você acha? Responda: eu não sei, mas Deus está no controle! Deus está na minha frente! Eu tenho esperança! E o melhor ainda está por vir!
Você precisa ter um desafio para a vida. Você precisa ter algo para viver e morrer. O melhor de Deus ainda está pela frente. Você pode fazer muito mais pelo Reino de Deus do que já fez até hoje. Você pode evangelizar mais, você pode orar mais, você pode discípular mais, você pode contribuir mais, você pode participar mais, você pode fazer diferença na Igreja de Deus.
Elias queria morrer. Entrou em uma caverna e disse: Deus, chega! Basta! Eu quero morrer! Eu quero acabar com esta história! Não agüento mais! Deus chega para ele e diz: Elias sai dessa caverna! Você está querendo morrer? Pois saiba que nem plano de morte Eu tenho para você porque nem morrer você vai, pois vou te levar para o céu sem que você passe pela morte.
Meu irmão, saia da caverna que te aprisiona, pois o tempo melhor de sua vida ainda está pela frente. Você ainda tem um ministério para realizar. Você ainda tem coisas importantes para fazer.
Jó estava no fundo do poço, estava no auge de sua dor, mas quando ele olhou para a vida dele disse: Eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra! Há esperança! Deus está no trono! Não desista! Não perca a esperança!

C – Quando enfrentar circunstâncias difíceis tire sua visão do quadro geral e observe os detalhes

Quando a visão do quadro geral estiver pessimista, tire os seus olhos do quadro geral e coloca seus olhos nos detalhes. Quando você olhar para o cenário panorâmico e não vê nada de bom a sua volta, vê que as circunstâncias são adversas, que sua vida financeira deu para trás, que a saúde está comprometida, que o luto chegou à sua casa, que a solidão está se instalando em sua vida, que não há nada de bom mais na vida e você olha e não vê nada porque agradecer, mas só para lamentar é o momento de você parar e começar a ver os detalhes, os pontos mínimos, para você perceber a bênção de Deus, a presença de Deus, o cuidado de Deus em tua vida.
Quantas vezes você reclama da vida que tem, da casa que mora, do conjugue que tem, dos filhos que tem, do emprego que tem, da igreja que tem, quando outras pessoas gostariam imensamente de ter o que você tem, de estar no seu lugar, de estar na sua posição, porque estão enfrentando lutas maiores do que as suas e muitas vezes estão tendo uma atitude muito mais otimista, muito mais encorajadora do que a que você está manifestando.
Note que entre esta tragédia toda, Noemi pode olhar para suas noras e ver como elas trataram a ela e a seus filhos com benevolência. Você sabe o que é, na crise, alguém chegar para você e dizer: eu te amo. Você é importante para mim. Eu quero estar do seu lado e não é porque você tem dinheiro, não é porque você tem uma família importante, mas é tão somente porque te amo. Noemi não tinha mais marido, não tinha mais filhos, não tinha mais nada para dar, era uma estrangeira e estava completamente sozinha. Mas, suas noras diziam: nós te amamos, nós queremos seguir do seu lado, nós queremos seguir os seus passos.
Noemi precisava olhar para estes detalhes. Elas estavam fazendo uma viagem de volta para Belém, não para derrota, mas para a vitória! Não para a miséria, mas para a fartura! Olhe um pouco mais! Observe um pouco mais e você verá quantas coisas boas e bonitas Deus está fazendo em sua vida mesmo em meio as lutas mais profundas!
Precisamos olhas os detalhes pequenos a nossa volta, pois quantas vezes deixamos de notar coisas tão bonitas como o abraço de um amigo, como o calor de uma amizade, como uma visita de alguém que ama você, que se importa com você.

D – Quando enfrentar circunstâncias difíceis não creia que seja maldição de Deus

Noemi estava olhando como se Deus a estivesse castigando, como se Deus a estivesse punindo, como se a ira de Deus estivesse sendo despejada sobre ela, mas não era isso que estava acontecendo.
Algumas pessoas tem a ilusão ou o pensamento equivocado de que quando estão passando por uma grande tribulação é Deus quem as está punindo. Esta associação do sofrimento, da angústia, da tribulação com o juízo de Deus, com o castigo de Deus, não é uma associação feliz. Tiago desmantela esta teoria quando diz:

2 Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações,
3  sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança (Tg 1.2,3).

O Apóstolo Paulo nos diz que devemos nos alegrar por causa das tribulações, porque elas produzem perseverança e a perseverança, experiência, e a experiência, esperança. Ou seja, muitas vezes, a mão soberana, bondosa e sábia de Deus está costurando e construindo os detalhes da nossa vida através do sofrimento para o nosso bem.

Conclusão

Se você está passando por um momento difícil em sua vida, espera com paciência no Senhor. Talvez você esteja olhando para sua vida e não esteja vendo nenhuma beleza, mas Deus ainda está com a caneta na mão, Deus ainda está escrevendo a história da sua vida. O final de sua história pode ter certeza que vai ser de glória para Deus. Deus sabe o que está fazendo. Agora pode ser dor, agora pode ser choro, agora pode ser luto, agora pode ser tristeza, mas Deus ainda está escrevendo e o produto final, tenha certeza, será o melhor para você. Que Deus te abençoe. Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com

Bibliografia principal: Rev. Hernandes Dias Lopes

sábado, 14 de junho de 2014

A MORTE E O ESTADO INTERMEDIÁRIO DA ALMA



27  E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo (Hb 9.27).
7  e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu (Ec 12.7).

INTRODUÇÃO

Nascemos, vivemos e morremos. E depois? Esta pergunta tem desafiado a humanidade através da História do Mundo. Uma coisa é certa, nosso entendimento sobre o que acontece após a morte influenciará muito a forma como vivemos hoje neste mundo. E para aqueles que procuram agradar a Deus, é importante saber o que Ele nos revela sobre este assunto.
A doutrina evangélica afirma que a alma, após a morte, ou a sua separação do corpo, continua a existir em um estado consciente. Breve Catecismo, pergunta 37, nos diz:
“As almas dos fiéis na hora da morte são aperfeiçoadas em santidade e imediatamente entram na glória; e os seus corpos, estando ainda unidos a Cristo, descansam nas suas sepulturas até a ressurreição”.
Esse estado é chamado intermediário, porque se acha entre a morte e a ressurreição. Nele a alma está sem corpo, mas ele é para os justos um estado de alegria consciente e para os maus, um estado de sofrimento consciente.
O que é a morte? O que acontece depois da morte? O que nos acontece entre o tempo que morremos e o tempo em que Cristo vai retornar para nos dar corpos ressurretos? A Bíblia nos fornece respostas claras e objetivas a essas perguntas e somente por um estudo da Bíblia podemos entender isso e evitar os perigosos erros ou as doutrinas humanas sobre o estado da alma e do corpo após a morte.

1 – DEFINIÇÃO DA MORTE: O QUE É A MORTE?

O que a Bíblia ensina sobre a morte nos define bem este mal que assombra a humanidade.

A – A morte significa separação

Veja o que a Bíblia diz sobre a criação do homem:

7 Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente Gn 2.7.

Observe que a Bíblia não diz que Deus criou o corpo do homem, mas criou o homem e ele passou a ser alma vivente. Ele foi criado para identificar-se e expressar-se por meio do corpo, e não fora dele. O pecado, porém, desmontou o que deveria ser eterno, incorporando um terrível elemento degenerador que é a morte.
Quando Deus disse a Adão que não comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal, ele revelou que a consequência da desobediência seria a morte:

16  E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente,
17  mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 3.16, 17).

E o casal comeu do fruto e Deus cumpriu a sua promessa sobre a consequência do pecado, porque Ele sempre fala a verdade e nunca quebra uma promessa. Adão e Eva conheceram, naquele mesmo dia, a morte. Isso significa que se não tivessem comido do fruto não morreriam, significa que o homem não foi criado para morrer, mas para viver eternamente. E a morte passou para a descendência de Adão:

12  Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram (Rm 5.12).

Então, o que é a morte? A morte é uma separação. Há dois tipos de morte: a física e a espiritual. No dia em que pecaram, Adão e Eva conheceram a morte espiritual. Naquele dia eles foram separados de Deus, naquele dia eles foram expulsos do Jardim do Éden.
A razão para esta morte espiritual, esta separação de Deus, é sempre a mesma: separamo-nos de Deus pelos nossos próprios pecados.

2  Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça (Is 59.2).

O caso de Adão e Eva nos ajuda a entender que é possível estar fisicamente vivo, enquanto que morto espiritualmente, como estávamos nós antes de sermos salvos:

1  Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados (Ef 2.1).

A morte física também é uma separação: a separação da alma do corpo. Quando o corpo está separado do espírito, ele está morto:

26  Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta (Tg 2.26).

E um dos textos básico nos diz o que acontece no fim da vida, na morte física:

7  e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu (Ec 12.7).

Depois de pecar Adão viveu 930 anos e conheceu a morte física. Ele e sua esposa morreram, tiveram suas almas separadas de seus corpos e foram também separados de seus entes queridos e totalmente separados deste mundo.

B – A morte é o resultado final da vida neste mundo decaído

Em sua grande sabedoria, Deus decidiu que não nos aplicaria os benefícios da obra redentora de Cristo de uma só vez. Antes, Ele escolheu aplicar os benefícios da salvação de modo gradual em nossa existência.
Semelhantemente, Deus resolveu não remover todo o mal do mundo de imediato, mas esperar até o juízo final e o estabelecimento do novo céu e da nova terra para remover da humanidade todas as consequências da queda. Isso significa que ainda vivemos em um mundo decaído e nossa experiência de salvação ainda é incompleta.
O último aspecto do mundo decaído a ser removido será a morte. Paulo diz:

24  E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder.
25  Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés.
26  O último inimigo a ser destruído é a morte (1 Co 15.24-26).

E Paulo conclui dizendo que quando Cristo retornar esta vitória se cumprirá:

54  E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.
55  Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão (1 Co 15.54, 55)?

Mas até aquele tempo a morte vai continuar a ser uma realidade a todos nós, porque ela acontece como resultado de vivermos no mundo decaído, onde os efeitos do pecado não foram ainda removidos. E até que Cristo retorne, todos nós continuaremos a envelhecer e morrer, porque o último inimigo ainda não foi destruído.
Deus resolveu permitir que experimentássemos a morte antes de ganharmos todos os benefícios da salvação.

2 – O DESTINO E O ESTADO DA ALMA APÓS A MORTE

Já vimos que com a morte o espírito volta a Deus, mas o que Ele fará com meu espírito? A Bíblia é clara ao apresentar diversos fatos vitais e pode satisfazer a nossa curiosidade sobre o que acontece depois da morte.
Quanto ao destino, diz a Bíblia que Deus confortará e dará descanso ao fiel e mandará o ímpio para um lugar de tormento. Ou seja, o destino dependerá da forma como vivemos neste mundo, se cremos ou não em Cristo:

25  Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos (Lc 16.25).

A – As almas dos crentes, quando ausentes do corpo, estão presentes com o Senhor

22  Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão... (Lc 16.22).

Três expressões eram vulgarmente usadas entre os judeus para expressar o futuro estado da bem-aventurança ou o céu: O Jardim do Éden ou Paraíso; O Trono da Glória; e o Seio de Abraão. Aqui Jesus usa a terceira expressão para falar do céu.
A expressão “seio de Abraão” também transmite a idéia de consolo, paz e segurança, visto que Abraão, como progenitor da nação judaica, naturalmente preocupava-se com o bem estar de todos os seus descendentes. E no verso 25 Jesus diz que Lázaro está consolado no seio de Abraão.
O episódio de um dos ladrões crucificados com Cristo também nos fornece provas concretas da ida da alma a Deus logo após a morte:

42  E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino.
43  Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso (Lc 23.42, 43).

Jesus e aquele ladrão morreram naquele dia. Era sexta-feira e nenhum deles poderia estar vivo no sábado, por isso, depois de certo tempo, quebravam as pernas do crucificado para apressar a sua morte, pois não podendo mais se sustentar com suas pernas, morria asfixiado. Ao chegarem para quebrarem as pernas de Jesus viram que Ele já estava morto. Naquele dia mesmo, conforme as palavras de Jesus, seus espíritos voltaram para Deus.
Outro exemplo muito forte que nos mostra que estaremos com o Senhor após a morte é Estevão na hora de sua morte:

59  E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito (At 7.59)!

O desejo de Paulo em partir logo sustenta também a doutrina da presença da alma com o Senhor logo após a morte:

23  Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.23).

Se não fosse para estar na presença de Deus porque ele desejaria tanto a morte? E em sua segunda carta aos Coríntios, capítulo cinco, Paulo está falando sobre a morte quando disse:

1  Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus (2 Co 5.1).

Quando fala em casa terrestre, Paulo se refere ao nosso corpo. Se desfizer quer dizer morrer. Ele diz que devemos ficar tranqüilos com a morte porque temos morada certa com Deus lá no céu. E ele conclui dizendo:

8  Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor (2 Co 5.8).

Era por isso que Paulo não tinha medo da morte, porque sabia que estaria com o Senhor logo depois dela. Em confiança é a forma como devemos viver neste mundo em relação a morte e tenhamos a convicção de Paulo quanto a isso:

8  Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor (Rm 14.8).

B – As almas dos ímpios, quando ausentes do corpo, estão no inferno

A Escritura nunca nos encoraja a pensar que as pessoas terão outra oportunidade de crer em Cristo após a morte. A parábola do homem rico e Lázaro é um bom exemplo desta situação.

22  ... morreu também o rico e foi sepultado.
23  No inferno, estando em tormentos ... (Lc 16.22, 23).

Diz o texto que aquele homem rico, aquele que vivia em regalias todos os dias e não se preocupava com o amanhã, morreu e que logo depois de sua morte já estava no inferno.
Aqueles que negam a imortalidade da alma, a existência do inferno e o gozo do céu logo após a morte, fatos verídicos nesta parábola, afirmam que ela é uma ficção e por isso não pode ser considerada como doutrina. Realmente, a história da parábola é ficção, como tantas outras, mas o ensino que Jesus queria transmitir através dela é verdadeiro. Além do mais, se formos para este lado, devemos ter a mesma consideração por todas as parábolas de Jesus e não somente por esta.

C – Quanto ao estado da alma após a morte é de consciência, tanto a do justo no céu, quanto a do ímpio no inferno

A existência consciente, tanto dos justos como dos ímpios após a morte, é uma realidade bíblica. Na parábola do homem rico e Lázaro, note o estado de consciência do homem rico:

22  Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado.
23  No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio.
24  Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.
25  Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos.
26  E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós.
27  Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna,
28  porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento.
29  Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.
30  Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.
31  Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos (Lc 16.22-31).

Ainda que o corpo esteja sepultado, os tormentos da alma são descritos como físicos. Jesus aqui acomoda os seus ensinos às concepções humanas ao usar os termos olhos, dedo e língua. Ele usa de figuras materiais para expressar realidades espirituais. Além do mais, Jesus não estava contando esta parábola para anjos, mas para seres humanos! E a linguagem tinha que ser a que nos conhecemos.
A parábola do homem rico e Lázaro não é o único exemplo para sustentar esta doutrina na Bíblia. Em Apocalipse capítulo seis, João descreve sobre as almas dos justos no céu. E note também o estado consciente delas:

9  Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam.
10  Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?
11  Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram (Ap.6.9-11).

Temos ainda o exemplo de Moisés e Elias, que séculos depois de suas mortes (a de Moisés) apareceram a Jesus no monte da transfiguração:

3  E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
4  Então, disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias (Mt 17.3,4).

Se Moisés tinha ressuscitado, então Cristo não é as primícias dos que estão mortos. E se não tinha ressuscitado, como de fato ainda não ressuscitou, isto prova a consciência da alma após a morte.

D – Tanto o destino como a situação da alma após a morte são irrevogáveis

Não haverá revogação do destino moral e espiritual, nem dos justos nem dos ímpios após a morte.

27  E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo (Hb 9.27).

O autor de Hebreus associa a morte com a consequência do julgamento em uma sequência imediata a ela.
Além disso, a Escritura nunca apresenta o juízo final como dependente de qualquer coisa feita após a nossa morte, mas dependendo somente do que aconteceu nesta vida.
Podemos concluir até aqui que a morte não é o fim da existência, mas uma separação e que a alma, ou espírito, é lançado em seu destino desde a sua separação do corpo e vive em estado consciente, e que seu destino e sua situação jamais poderão ser alterados.

3 – O DESTINO E A SITUAÇÃO DO CORPO APÓS A MORTE

Já vimos como fica a alma após a morte. E o corpo, o que acontecerá a ele?

A – O corpo dos justos

Deus não deixará nosso corpo morto na sepultura para sempre. Quando Cristo nos redimiu, Ele não redimiu apenas nosso espírito — Ele nos redimiu como pessoas completas; e isso inclui a redenção de nosso corpo. Portanto, a aplicação da obra redentora de Cristo a nós não será completa até que nosso corpo seja inteiramente liberto dos efeitos da queda e trazido ao estado de perfeição para o qual Deus o criou.
A redenção de nosso corpo ocorrerá somente quando Cristo retornar e ressuscitá-lo dentre os mortos. Mas, no tempo presente, Paulo diz que esperamos pela redenção do nosso corpo:

23  E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo (Rm 8.23).

O estágio da aplicação da redenção em que receberemos por fim o corpo ressuscitado é chamado de glorificação. Referindo-se àquele dia futuro, Paulo diz que participaremos da glória de Cristo:

17  Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados (Rm 8.17).

Glorificados como Jesus o foi depois de sua ressurreição. Além disso, quando Paulo traça os passos na aplicação da redenção, o último que menciona é a glorificação:

30  E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou (Rm 8.30).

Podemos definir glorificação da seguinte maneira: A glorificação é o passo final na aplicação da redenção. Ela acontecerá quando Cristo retornar e ressuscitar dentre os mortos os corpos de todos os crentes de todas as épocas que morreram e reuni-los às respectivas almas, e mudar os corpos de todos os crentes que permanecerem vivos, dando assim a todos os crentes, ao mesmo tempo, um corpo ressuscitado e perfeito igual ao Seu.

B – O corpo dos ímpios

Embora os descrentes passem para o estado de punição eterna imediatamente após a morte, o corpo deles não será ressuscitado até o dia do juízo. Naquele dia, o corpo de cada um será ressuscitado e reunido a alma, e comparecerão perante o trono de Deus para o juízo final que vai ser pronunciado sobre eles, incluindo o corpo:

12  Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros (Ap 20.12).
15  E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo (Ap 20.15).

Deus não vai deixar o corpo para sempre na sepultura, pois, quando Cristo retornar, a alma será reunida ao corpo e o corpo será ressuscitado dentre os mortos em um corpo imortal que jamais morrerá novamente. Os salvos finalmente viverão com Cristo por toda a eternidade e os perdidos estarão separados e condenados aos tormentos do inferno eternamente.

4 – CONTESTAÇÃO ÀS DOUTRINAS HUMANAS SOBRE O ESTADO DA ALMA APÓS A MORTE

Infelizmente, há muitas doutrinas conflitantes sobre a morte e a eternidade. Consideremos, brevemente, cinco exemplos de doutrinas humanas que contradizem o ensinamento da Bíblia.

A – A aniquilação

Esta teoria diz que o ser humano cessa de existir após a sua morte, uma vez que a substância material, que é o corpo, é perecível. Essa é a doutrina do aniquilamento do ser, que não tem base bíblica.
As pessoas que não acreditam na existência de Deus, obviamente, negam a ideia de vida após a morte. Outros, mesmo entre aqueles que se proclamam seguidores de Jesus, ensinam que os injustos deixarão de existir, quando morrerem. Em contraste, Jesus claramente ensinou que a existência não cessa com a morte.

31  E, quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou:
32  Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele não é Deus de mortos, e sim de vivos (Mt 22.31,32).

O problema fundamental nesta doutrina humana que diz que a existência cessa com a morte, é o erro de não entender que a morte é uma separação, e não o fim da existência da pessoa.
Algumas igrejas, seguindo doutrinas erradas, negam a existência do inferno e pregam o aniquilamento do ímpio, mas a Bíblia mostra que todos serão julgados e separados, os justos para a vida eterna e os ímpios para o castigo eterno, separados de Deus para sempre.

28  Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão:
29  os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo (Jo 5.28-29).
34  então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.
41  Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.
46  E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna (Mt 25.34, 41, 46).

B – A reencarnação

Muitas pessoas estão fascinadas pela ideia da reencarnação, incluindo-se aquelas que seguem religiões orientais, como o hinduísmo, e outras que aceitam a filosofia da Nova Era ou os ensinamentos do Espiritismo. A doutrina da reencarnação diz que nossa alma voltará, possivelmente centenas de vezes, para viver novamente e para ser aperfeiçoada em consecutivas vidas.
A Bíblia não diz nada para provar esta ideia. Em contraste, a Bíblia ensina que morreremos só uma vez:

27  E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juíz.
28  assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação  (Hb 9.27, 28).

Pense no significado desta afirmação. Se uma pessoa precisa morrer muitas vezes, qual é o valor do sacrifício de Jesus? Teria Ele também que morrer muitas vezes? Esta passagem mostra que Ele morreu uma vez para pagar o preço de nossos pecados.
Em sua segunda carta aos Coríntios, Paulo afirma que cada pessoa será julgada individualmente:

10  Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo ( 2 Co 5.10).

Neste versículo, Paulo não fala de corpos, mas de um corpo só.
O espírito não volta para ser aperfeiçoado em outros corpos. Quando morremos, o nosso espírito volta para Deus. Além do mais, a ideia de que nossas almas são aperfeiçoadas através da reencarnação é absolutamente oposta à doutrina Bíblica de que somos salvos pela graça de Deus.

8  Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
9  não de obras, para que ninguém se glorie.
10  Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas (Ef 2.8,9).

C – O purgatório

A doutrina do purgatório foi propagada pelo catolicismo, e sugere que há uma oportunidade depois da morte para expurgar dos pecados antes de entrar no céu. Esta doutrina diz que a alma após a morte vai para um lugar intermediário, onde aguarda o perdão de Deus, em virtude da intercessão dos parentes e amigos vivos. Este lugar intermediário é chamado de purgatório.
Esta doutrina diminui o valor do sacrifício de Cristo, que deu a seus servos o dom gratuito da salvação. Não podemos merecer nossa passagem para o céu, nem antes nem depois da morte.
Um problema ainda mais sério com essa doutrina é que ela ensina que devemos acrescentar alguma coisa à obra redentora de Cristo e que a sua obra redentora por nós não foi suficiente para pagar a penalidade de todos os nossos pecados. Mas isso é contrário ao ensino da Escritura.
Além do mais, quando a Bíblia fala da situação dos mortos, ela diz que é impossível ao ímpio escapar dos tormentos para entrar no conforto dos fiéis:

26  E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós (Lc 16.26).

A doutrina do purgatório, simplesmente, não é fundamentada na Bíblia. Além disso, a doutrina do purgatório rouba dos cristãos o grande conforto de saber que os que morrem vão imediatamente para a presença do Senhor.

D – O sono da alma junto com o corpo sepultado

Essa doutrina ensina que, quando o salvo morre, ela entra no estado de existência inconsciente, e a próxima coisa de que terá consciência será quando Cristo retornar e o ressuscitar para a vida eterna. A Alma dorme logo após a morte.
O suporte para esse pensamento tem sido geralmente encontrado no fato de que a Escritura diversas vezes fala do estado dos mortos como de um sono ou de adormecer.

2 Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno (Dn 12.2).
24 Retirai-vos, porque não está morta a menina, mas dorme. E riam-se dele (Mt 9.24).
11 Isto dizia e depois lhes acrescentou: Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo (Jo 11.11).
30 Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem (1 Co 11.30).
51 Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos (1 Co 15.51).
14 Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem (1 Ts 4.14).

Porém, quando a Escritura apresenta a morte como sono, trata-se simplesmente de uma expressão metafórica usada para indicar que a morte é somente temporária para os cristãos, exatamente como o sono é temporário.
As passagens que se referem aos mortos como estando dormindo, devem ser entendidas como simples linguagem de aparência, literalmente aplicáveis somente ao corpo. Quanto ao estado da alma devemos seguir o exemplo da parábola do homem rico e Lázaro, do ladrão na cruz, de Estevão e do anseio de Paulo pela morte, e outros já vistos acima.

E – A Comunicação com os mortos

A prática do espiritismo e de algumas outras religiões, ao tentar comunicar-se com os mortos, é absolutamente oposta ao ensinamento da Bíblia. Quando o homem rico, na parábola de Jesus, pediu que um mensageiro dos mortos fosse enviado para ensinar sua família, Jesus disse que isso não seria permitido, e que nem era necessário.
No Velho Testamento, Deus condenou como abominação o consultar aos mortos:

9  Quando entrares na terra que o SENHOR, teu Deus, te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos.
10  Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro;
11  nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos;
12  pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR, teu Deus, os lança de diante de ti (Dt 18.9-12).

A consulta aos mortos é ligada a idolatria e a feitiçaria, coisas que são sempre condenadas, tanto no Velho como no Novo Testamento.
O entendimento correto do ensinamento Bíblico sobre a morte tem aplicação prática em nossas vidas. Devemos resistir às doutrinas e práticas que não são baseadas na Bíblia, e devemos viver de acordo com os ensinamentos da Bíblia, de modo que estejamos preparados quando a morte bater em nossa porta e formos ao encontro de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Afinal, vivemos em um mundo tenebroso, mas é aqui que decidimos o destino de nossa alma e do nosso corpo na eternidade.

42  Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor (MT 24.42).
14  Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis (2 Pd 3.14)

Conclusão

A morte é a cessação temporária da vida corporal e a separação entre a alma e o corpo. Uma vez que a pessoa morre, embora o seu corpo físico permaneça sepultado na terra, no momento da morte a alma do salvo vai imediatamente para a presença de Deus com regozijo, e a alma do perdido vai para o tormento do inferno.
O correto entendimento da morte e o destino da alma após ela devem retirar de nós todo o temor da morte que assalta a nossa mente. Todavia, embora Deus venha a nos fazer um bem por meio do processo da morte (especialmente para aqueles que são salvos), devemos ainda lembrar que a morte não é natural, não é uma coisa boa e, no mundo criado por Deus, ela é algo que não deveria existir. Ela é uma inimiga vencida por Cristo e que um dia finalmente Ele vai destruí-la.
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com