Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

ESTUDO DO LIVRO DE OBADIAS: IV – O JULGAMENTO DOS ÍMPIOS E O TRIUNFO DO REINO DE CRISTO

15  Porque o Dia do SENHOR está prestes a vir sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo; o teu malfeito tornará sobre a tua cabeça.
16  Porque, como bebestes no meu santo monte, assim beberão, de contínuo, todas as nações; beberão, sorverão e serão como se nunca tivessem sido.
17  Mas, no monte Sião, haverá livramento; o monte será santo; e os da casa de Jacó possuirão as suas herdades.
18  A casa de Jacó será fogo, e a casa de José, chama, e a casa de Esaú, restolho; aqueles incendiarão a este e o consumirão; e ninguém mais restará da casa de Esaú, porque o SENHOR o falou.
19  Os de Neguebe possuirão o monte de Esaú, e os da planície, aos filisteus; possuirão também os campos de Efraim e os campos de Samaria; e Benjamim possuirá a Gileade.
20  Os cativos do exército dos filhos de Israel possuirão os cananeus até Sarepta, e os cativos de Jerusalém, que estão em Sefarade, possuirão as cidades do Sul.
21  Salvadores hão de subir ao monte Sião, para julgarem o monte de Esaú; e o reino será do SENHOR (Ob 1.15-21).
Introdução
Como já vimos, o livro de Obadias nos mostra que um pequeno problema familiar pode tornar-se uma grande desgraça; ensina-nos que adiar soluções pode se desembocar em grandes crises. Também vimos sobre as consequências do pecado, pois o pecado é pior do que a solidão, do que a doença, do que a pobreza, do que a fome e do que a própria morte, porque estes males todos, embora tão terríveis, não podem nos afastar de Deus, mas o pecado nos afasta de Deus agora e por toda a eternidade.
Vimos ainda que a arrogância dos edomitas, filhos de Esaú, que confiavam em sua posição geográfica privilegiada, que confiavam em suas riquezas e que confiavam em suas alianças políticas para lhes dar segurança. Isso tudo entrou em colapso, porque o orgulho de Edom lhe enganou, e suas riquezas foram rebuscadas, suas alianças foram quebradas, seus aliados os traíram e Edom foi destruído.
Hoje, vamos dar um passo mais adiante, vamos ver que o juízo de Deus não é um juízo apenas presente, mas é também um juízo futuro. O juízo de Deus não atinge o pecador somente no aqui e agora, mas atinge o pecador também no juízo final, pois este livro revela que o pecado não fica impune e que o mal jamais triunfará sobre o bem, porque a vitória final é de Cristo, é do Reino de Deus. Vamos tirar algumas lições muito preciosas para nossas vidas no estudo de hoje.
1 – A LEI DA RETRIBUIÇÃO
15 Porque o Dia do SENHOR está prestes a vir sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo; o teu malfeito tornará sobre a tua cabeça.
16  Porque, como bebestes no meu santo monte, assim beberão, de contínuo, todas as nações; beberão, sorverão e serão como se nunca tivessem sido.
O fato de Deus ser justo define com clareza de que o pecado não pode ficar impune, do contrário, Deus não seria justo. O homem pode até escapar da justiça humana, mas não escapará da justiça divina. O homem pode driblar as leis humanas, os tribunais humanos, mas jamais poderá driblar a lei divina, nem jamais poderá corromper o tribunal divino. Ninguém pode esconder-se do reto e justo Juiz dos vivos e dos mortos. Vamos ver alguns aspectos dessa retribuição:
A – O Tempo da Retribuição
15 Porque o Dia do SENHOR está prestes a vir.
Quando se fala no Dia do Senhor na Bíblia, ele tem dois sentidos: histórico e escatológico. Ele tem dois cumprimentos, um dentro dos limites da História e um cumprimento para o último dia, o Dia do Juízo. No caso de Edom, o Dia do Senhor foi o dia em que ele recebeu a punição por causa de seu pecado, quando foi invadido, saqueado, disperso e dominado. Mas, esse Dia do Senhor projeta-se para frente, pois também é um dia escatológico, quando Jesus voltará em glória e poder e assentar-se-á em Seu Trono para julgar as nações. Nesse dia Deus vai julgar as nações, Deus vai julgar os homens e ninguém ficará impune e imune a este julgamento.
Por agora, podemos comparar o Dia do Senhor, segundo o livro de Apocalipse, como as trombetas, porque, agora, o juízo de Deus vem misturado com a misericórdia. Hoje, nenhuma punição de Deus isola o homem de se arrepender e emendar a sua vida. Mas, se o homem não ouvir a voz da trombeta de Deus, quando o juízo é misturado com a misericórdia, então virá as taças de Deus e nas taças não haverá misericórdia, porque são a manifestação da cólera de Deus. Nesse dia final não haverá escapatória para os homens. Apocalipse vai nos ensinar isso:
12  Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue,
13  as estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair os seus figos verdes,
14  e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar.
15  Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes
16  e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro,
17  porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se (Ap 6.12-17)?
Quando dizem aos montes para caírem sobre eles, não é que eles queriam morrer, mas sim, esconderem-se daquele que está assentado no Trono e do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles. O Dia do Juízo será o dia da ira de Deus, do juízo final de Deus, do julgamento final de Deus contra os ímpios.
B – O Alcance da Retribuição
15 ...sobre todas as nações.
O juízo de Deus é universal. O juízo retributivo de Deus alcança todas as nações. Olhemos para o aspecto duplo do juízo de Deus, do juízo histórico e do juízo escatológico sobre as nações. Quanto ao aspecto histórico olhe para os grandes Impérios que já se levantaram neste mundo e caíram, veja o Egito, veja a Assíria, veja a Babilônia, veja a Média, veja a Pérsia, veja a Grécia e veja a Roma. Estes grandes Impérios se levantaram e caíram na História. Agora, pense sobre o aspecto escatológico para as nações atuais, pois elas também cairão diante do juízo de Deus, porque o juízo de Deus alcançará todas as nações indistintamente. Jesus disse:
31  Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória;
32  e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas;
33  e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda (Mt 25.31-33).
O juízo de Deus é universal. Nenhum homem, por mais importante que tenha sido, será imune a este juízo. Ele é para todos, sem nenhuma distinção de raça, posição social e até mesmo de religião, porque o apóstolo Paulo disse para a Igreja de Deus:
10  Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo (2 Co 5.10).
Olhe aí Paulo confirmando a Lei da Retribuição.
C – A Medida da Retribuição
15 ...como tu fizeste, assim se fará contigo.
A lei de retribuição é baseada nas leis morais de Deus e estas leis morais são a base do julgamento divino. Ela é conhecida como a “lei do talião”, ou no latim, “Lex talionis”, que no português significa “lei tal e qual”.  Moisés define bem essa lei:
23  Mas, se houver dano grave, então, darás vida por vida,
24  olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé,
25  queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe (Ex 21.23-25).
Ou seja, essa lei requer que o infrator receba a mesma punição com a qual ele infligiu a outrem, não em outra medida, mas na mesma medida, na mesma proporção. Esta lei da retribuição tem um critério justo que podemos entender tanto positivamente como negativamente. Positivamente, podemos entender essa lei conforme nos ensinou Jesus:
31  Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles (Lc 6.31).
Você quer receber o bem? Faça o bem. Quer ser abençoado? Abençoe. Quer ter amigos? Seja amigo. Quer tem um ombro no dia da angústia? Aproxime-se perto de alguém no dia da angústia dele, porque aquilo que você semeia é o que você colhe. Mas tem um lado negativo e é o que está escrito aqui no verso quinze:
15 ...como tu fizeste, assim se fará contigo.
Esta lei está fartamente apresentada na Bíblia e na História. Em Daniel capítulo seis temos um exemplo. O Império Medo-Persa tinha nomeado 3 governadores e 120 sátrapas. O Império Medo-Persa sucedeu o Império Babilônico. No Império Babilônico o rei estava acima da lei, ele era a própria lei, era um governo absolutista, centralizador. O Império Medo-Persa muda o sistema de governo, de um sistema absolutista para um sistema de delegação de poderes, descentralização de poder. Portanto, nomeou 3 governadores, dos quais um deles era Daniel, e 120 sátrapas, não apenas para ajudar o governo, mas também para fiscalizar o governo. O que aconteceu? Dois governadores, juntando-se com os 120 sátrapas, se corromperam. Como Daniel era incorrupto, pois no meio incorrupto um honesto incomoda muito, maquinaram um plano, uma armadilha contra Daniel. Propuseram ao rei que nenhuma oração fosse feita por um tempo senão ao próprio rei. Sabiam que Daniel não negociaria seus absolutos. Acusaram Daniel para ser lançado nas covas dos leões, mas quem vão ser devorados pelos leões não é Daniel, mas aqueles que maquinaram contra ele. É a lei da retribuição no aspecto histórico.
Hamã é um outro exemplo, ele tramou contra Mordecai, preparou uma forca para Mordecai, mas foi ele quem foi enforcado naquela mesma forca. É outro exemplo da lei de retribuição no aspecto histórico.
Faraó, no Egito, afogaram os bebês hebreus do sexo masculino que nasciam, o que Deus fez? Afogou o exército de Faraó no mar vermelho. Deus pagou com a mesma moeda aquilo que eles tinham praticado contra Israel. É a lei de retribuição aplicada por Deus no aspecto histórico.
E o que Edom fez? Fez aliança com os inimigos de Israel para destruir Israel, saqueou os bens de Israel e matou aqueles que tentavam fugir, e é exatamente isso que cai sobre eles. Os seus aliados se voltam contra eles, os seus bens são saqueados e eles que mataram, agora, estão sendo mortos. É a lei da retribuição em seu aspecto histórico. Paulo disse aos gálatas:
7  Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará (Gl 6.7).
E isso se aplica tanto no aspecto histórico como no aspecto escatológico. Quantas vezes não somos enganados pelo mesmo engano com que enganamos, sustentamos uma mentira por tanto tempo e depois somos enganados por esta mesma mentira. No dia do juízo final toda máscara cairá e seremos todos desmascarados. Todos!
D – O peso da Retribuição
16  Porque, como bebestes no meu santo monte, assim beberão, de contínuo, todas as nações; beberão, sorverão e serão como se nunca tivessem sido.
Que coisa tremenda isso aqui! Somente um Deus Soberano, Ilimitado pode aplicar tal juízo às nações! Edom abriu uma cova para Israel e caiu nessa cova, abriu um laço para seus irmãos e caiu nesse laço, praticou o mal contra seus irmãos e foi vítima desse próprio mal. Na verdade, quem maquina o mal contra o seu próximo, torna-se a própria vítima desse mal. O que este verso nos diz? Obadias quer dizer que, quando Babilônia invadiu Jerusalém, os edomitas estavam lá dando pulos de alegria, alegrando-se com a calamidade dos judeus. O salmista nos mostra isso quando diz:
7  Contra os filhos de Edom, lembra-te, SENHOR, do dia de Jerusalém, pois diziam: Arrasai, arrasai-a, até aos fundamentos (Sl 137.7).
Mas diz Obadias que eles não estavam somente alegres, estavam festejando em algazarra, com bebedeiras, celebrando o dia da derrota de seu irmão. E tudo que o homem faz pode ficar esquecido na História humana, mas não fica para Deus. Diz Deus que, assim como eles beberam para comemorar a derrota de seu irmão, agora vão beber, mas outra bebida, vão beber o cálice da ira de Deus e serão eliminados. Deus abomina aquele que tripudia sobre o outro, aquele que pisa sobre o que está caído, aquele que se alegra com o fracasso do outro, aquele que celebra a derrota do outro. Há um agravante neste verso:
16  ...assim beberão, de contínuo, todas as nações; beberão, sorverão...
Esta sentença é contínua, pois a sentença final de Deus é um juízo que não termina, é uma condenação que não acaba, é uma penalidade eterna. Deus é justo, Ele é o Deus da retribuição. Mas em Sião a história é diferente!
2 – A RESTAURAÇÃO DO MONTE SIÃO
17  Mas, no monte Sião, haverá livramento; o monte será santo; e os da casa de Jacó possuirão as suas herdades.
Enquanto o juízo de Deus está vindo sobre as nações e não há lugar seguro para o ímpio sobre o planeta, há um lugar e somente um lugar em que haverá escape, em que haverá livramento, onde a ira de Deus não está sendo derramada, que é o monte Sião.
Monte Sião aqui tem um significado muito mais amplo do que o monte geográfico que está em Jerusalém. Monte Sião aqui é um símbolo da Igreja do Senhor Jesus Cristo. O único lugar onde os homens podem encontrar abrigo e refúgio contra a ira de Deus é na Igreja do Deus vivo, a Noiva do Cordeiro, comprada e lavada no sangue do Cordeiro.
Toda pessoa lavada pelo sangue do Cordeiro pode correr para esse lugar de refúgio onde a ira de Deus não está sendo derramada. Há um exemplo na História que demonstra muito bem essa imunidade encontrada no sangue de Cristo, que é o da décima e última praga contra o Egito, em que o anjo da morte entraria em cada casa egípcia e mataria seu primogênito, e da mesma maneira que, lá na casa dos hebreus, no Egito, toda casa marcada com o sangue do cordeiro morto, estava fora do alcance do anjo da morte, quem está no monte Sião, está livre da ira de Deus, quem está debaixo do sangue está livre desta ira, quem pertence à Igreja do Deus Vivo está livre desta ira. Três lições essa verdade nos ensina:
A – A Igreja de Deus é um Lugar de Livramento
17  Mas, no monte Sião, haverá livramento.
Este texto sempre estará trabalhando, paralelamente, o aspecto histórico e o aspecto escatológico. Do aspecto histórico, o monte Sião, a cidade de Jerusalém, foi restaurada por Deus, mas em Edom não houve livramento. Obadias está se referindo aqui ao escape do remanescente, como lá em Isaías:
20  Acontecerá, naquele dia, que os restantes de Israel e os da casa de Jacó que se tiverem salvado nunca mais se estribarão naquele que os feriu, mas, com efeito, se estribarão no SENHOR, o Santo de Israel.
21  Os restantes se converterão ao Deus forte, sim, os restantes de Jacó.
22  Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, o restante se converterá; destruição será determinada, transbordante de justiça.
23  Porque uma destruição, e essa já determinada, o Senhor, o SENHOR dos Exércitos, a executará no meio de toda esta terra (Is 10.20-23).
Muitos judeus foram mortos ao fio da espada, mas Deus está salvando o remanescente e este remanescente vai ser um símbolo daquilo que hoje nós chamamos de Igreja do Senhor Jesus. Porque, na teologia de Paulo, em Romanos capítulo dois, o judeu não é aquele que é judeu apenas de sangue, mas é o judeu nascido da descendência espiritual de Abraão, é aquele que crê, esse é o verdadeiro Judeu, esse é o verdadeiro Israel e o verdadeiro Israel é a Igreja do Deus vivo.
28  Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne.
29  Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus (Rm 2.28-29).
Deus não tem dois povos, mas um só povo. Deus não tem duas igrejas, uma gentílica e outra de Israel, mas Deus só tem uma Igreja, formada de judeus e de gentios. A noiva do Cordeiro é formada destes dois povos para formar aquilo que na linguagem do profeta é o monte Sião, porque lá neste monte estava o templo, habitação de Deus. E qual é a habitação de Deus hoje? É a sua Igreja! Deus habita no meio de sua Igreja!
Por isso, esse Israel, é muito mais amplo que a nação de Israel, trata-se do Israel espiritual que é a Igreja. Se você pertence a Igreja de Cristo, você está livre da ira de Deus. Quem quer Cristo, mas não quer a Igreja, está cometendo um equívoco, porque não se pode separar a Igreja de Cristo. A Igreja é o corpo de Cristo e Cristo é a cabeça da Igreja. Não há a mínima possibilidade de alguém ser salvo sem que pertença a Igreja (não a institucional), e toda pessoa salva é batizada pelo Espírito no corpo de Cristo. Paulo nos diz em Romanos:
9  Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele (Rm 8.9).
Portanto, não há salvação fora da Igreja do Deus vivo, e é lá que Deus prove livramento aos pecadores arrependidos.
B – A Igreja de Deus é Lugar de Santidade
17  ...o monte será santo.
A Igreja de Deus é um lugar de refúgio para um povo diferente, um povo santo. Não há salvação sem santidade. É um equívoco achar que está salvo, mas que não é santo. É a velha teologia equivocada que pensa que pode receber Jesus Cristo como seu Salvador sem recebê-Lo como seu Senhor. Não é possível! Ou Jesus é o nosso Senhor ou Ele não é o nosso Salvador! Não há nenhuma pessoa salva sem que ela seja santa, porque Deus nos escolheu para a santidade, porque neste monte há santidade. E santidade não significa perfeição, não significa nunca pecar, mas significa ser remido, restaurado e separado para Deus. O povo de Deus é um povo que foi tirado do mundo, que foi preservado do mundo, que foi guardado do mundo, enviado ao mundo como luzeiro.
C – A Igreja de Deus é um Lugar de Conquista
17  ...e os da casa de Jacó possuirão as suas herdades.
Ou seja, possuirão a sua herança. O povo judeu que foi banido, saqueado, recebe de volta sua terra e seus bens. Esse é o cumprimento histórico dessa profecia. Qual a herança da Igreja? No Antigo Testamento, as heranças e as bênçãos eram traduzidas, muitas vezes, por coisas materiais, como por exemplo: A sua vaca vai ser fecunda, a sua ovelha vai ser fecunda, o seu campo vai ser fértil, a. sua videira vai ser fértil, a sua oliveira vai ser fértil. E é por isso que a teologia da prosperidade ganha muitos adeptos. Quando você se volta para o Novo Testamento, as bênçãos de Deus não são materiais, e sim espirituais:
3  Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo (Ef 1.3).
E é claro que o nosso sustento está incluso nestas bênçãos espirituais, mas ele não é mais o foco porque Cristo é o maior tesouro da Igreja. E qual é a herança da Igreja? São cidades fortificadas? São riquezas que se compram com ouro e prata? São fortalezas que se constroem com tijolo e pedra? Não! Qual é a herança da Igreja? A herança da Igreja são as nações! São os povos que ela conquista não pela espada, não pela força militar, mas pela pregação do Evangelho. A Igreja receberá esta herança, uma herança imarcescível, incorruptível e gloriosa, porque ela é o Monte Sião, comprada, remida, santificada e restaurada por Deus.
3 – A VITÓRIA E O TRUNFO FINAL DO MONTE SIÃO
Obadias passa a descrever a retumbante vitória de Judá, agregando ao seu território todas as terras que haviam sido tomadas por outros povos. Isso nos ensina que:
A – A Vitória Contra os Inimigos é Certa
18  A casa de Jacó será fogo, e a casa de José, chama, e a casa de Esaú, restolho; aqueles incendiarão a este e o consumirão...
A casa de Judá é uma representação do reino do Norte e a casa de José uma representação do reino do Sul. Judá será “fogo” e José será “chama”. O profeta está querendo dizer que os dois reinos serão um só e Esaú será restolho. A vitória contra os inimigos é certa. Deus está dizendo que Israel será como fogo e chama e seus inimigos como restolho. Restolho é uma espiga de milho que não granou, só tem sabugo e palha, ou seja, é um combustível que queima mais fácil e mais rápido. A destruição de Edom será total.
10  ...e serás exterminado para sempre.
16  ...e serão como se nunca tivessem sido.
18  ...e ninguém mais restará da casa de Esaú, porque o SENHOR o falou.
São três afirmações absolutamente categóricas para definir a derrota de Esaú. Como aconteceu? Cinco anos depois da queda de Judá, no ano 581 a.C., a mesma Babilônia que invadiu Jerusalém, invadiu Petra e desalojou de lá os edomitas, rebuscando suas riquezas. Mas não ficou só nisso, no ano 126 a.C., quatro séculos depois, o Macabeu João Hircano, não apenas conquista de novo aquela terra, mas faz algo que mexe com os edomitas, circuncidou todos os edomitas. Se eles odiavam os judeus, João Hircano os tornou judeus a força. Quando chegou no ano de 63 a.C., Roma domina aquela região. Mas, quando Roma domina aquela região privilegia os edomitas, porque vai constituir uma família iduméia para reinar sobre Jerusalém, a família herodiana, descendentes de Esaú. Herodes, o grande, quis matar Jesus, matando as crianças em Belém. Herodes Antipas zombou de Jesus, prendeu e degolou João Batista. Herodes Agripa I perseguiu a Igreja e mandou matar o apóstolo Tiago e morreu comido de vermes. O último Herodes, Agripa II, diante de Paulo, abandona sua última oportunidade de arrependimento. No ano 70 d.C., Tito Vespasiano invade Jerusalém e, nessa invasão, os idumeus são envolvidos, são destruídos e nunca mais se recuperam. A destruição total dos edomitas se deu exatamente na dispersão do povo Judeu. No terceiro século, Orígenes refere-se aos edomitas como um povo que tinha desaparecido do planeta. Quando Deus promete uma coisa Ele nunca esquece e tudo se cumpre ao longo dos séculos, porque Deus é Eterno. Isso nos ensina uma importante lição:
B – A Vitória Contra os Inimigos é Segura
18  ...e ninguém mais restará da casa de Esaú, porque o SENHOR o falou.
Por que Esaú vai desaparecer? Porque Deus fala, assina, registra e bate o carimbo. “O Senhor falou” é autoridade final e absoluta, dando autenticidade à profecia. A destruição de Edom não procede de nenhum tribunal da terra, mas do céu. Não procede da sentença dada por nenhum homem, mas por Deus, e a sentença de Deus é irrevogável e inapelável, porque não há tribunal acima do tribunal de Deus para se recorrer. Quando Deus fala não há como recorrer.
C – A Vitória Contra os Inimigos é Notória
19  Os de Neguebe possuirão o monte de Esaú, e os da planície, aos filisteus; possuirão também os campos de Efraim e os campos de Samaria; e Benjamim possuirá a Gileade.
20  Os cativos do exército dos filhos de Israel possuirão os cananeus até Sarepta, e os cativos de Jerusalém, que estão em Sefarade, possuirão as cidades do Sul.
Aqui o profeta faz referência à extensão da vitória de Israel. Israel vai tomar de volta todas as suas terras que foram saqueadas pelos inimigos. Obadias está dizendo que nada ficará na mão do inimigo, que Deus vai dar restituição de tudo aquilo que foi retirado deles. Israel voltaria a tomar posse das terras que eram dos edomitas, que é a região do Neguebe, pois quando os Macabeus os tiraram lá do alto das montanhas eles fugiram para a região sul da Palestina, no deserto do Neguebe. Também os filisteus, aqui representado pela cidade de Sarepta, e os samaritanos, representada aqui pela região de Efraim. Ou seja, todas as regiões tomadas de Judá e de Israel pelos seus inimigos estão retornando para as mãos dos israelitas.
“Os cativos de Israel” está se referindo ao cativeiro do Norte, e “os cativos de Jerusalém”, aos cativos do reino do Sul. O profeta está dizendo que não haverá mais divisão de reinos, agora Israel é um povo só, porque é na unidade desse povo que vem agora o Messias e este consumará a vitória de Deus contra o mal. Obadias ainda diz que os israelitas vão julgar os edomitas:
D – O julgamento dos Inimigos de Sião
21  Salvadores hão de subir ao monte Sião, para julgarem o monte de Esaú; e o reino será do SENHOR.
O monte Sião vai julgar o monte Seir. Isso significa que os oprimidos vão se assentar na cadeira de juiz e os opressores vão se assentar no banco dos réus. Que coisa maravilhosa! Deus não vai apenas reverter a situação dos oprimidos, mas Deus vai lhes dar a honra de julgar os seus opressores. Significa que Deus não abandona ao seu povo. Deus disciplina ao seu povo, mas não abandona ao seu povo.
Pela escatologia o povo de Deus vai se assentar em tronos para julgar o mundo e até os anjos. Foi por isso que Paulo ficou irado com a igreja de Corinto, porque surgiu problema na igreja e ao invés de resolverem o problema de uma forma doméstica, pegaram os problemas da igreja e foram resolver em tribunais seculares:
1  Aventura-se algum de vós, tendo questão contra outro, a submetê-lo a juízo perante os injustos e não perante os santos?
2  Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas?
3  Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida (1 Co 6.1-3)!
A Igreja não somente estará nos céus, mas estará em tronos, e ela vai julgar, como aqui, no aspecto histórico, os israelitas vão julgar os edomitas, porque o monte de Esaú aqui não representa apenas os edomitas, mas representa todas as nações ímpias e pagãs, assim como o Monte Sião não representa apenas os israelitas, mas todo o povo de Deus. Dessa forma, quem está sendo julgado aqui são todas as nações ímpias, julgadas e sentenciadas. Como Edom foi banido da sua terra, os ímpios serão banidos da presença de Deus para todo o sempre. E então haverá
E – O Triunfo Final do Reino de Cristo
21  ...e o reino será do SENHOR.
O profeta, nesse pequeno grande livro, vem traçando paralelos, entre edomitas e israelitas, entre o monte Sião e o monte Seir, entre o povo ímpio e o povo de Deus, entre os inimigos de Deus e aqueles que são servos de Deus e, agora, o monte Sião representa o centro do Reino de Deus e monte Seir representa o reino do mundo. Existem dois reinos, representados aqui no monte Sião e no monte Seir. O monte Sião é o centro do Reino de Deus, onde se estabelece o Trono do Juízo de Deus e o monte Seir é um símbolo do reino do mundo. Os reinos do mundo verão sua glória se apagar.
Historicamente, muitos deles já caíram. Em Apocalipse capítulo 17, vemos os reinos do mundo simbolizados na Babilônia, a grande meretriz, representados como uma religião, prostituída, apóstata, que seduziu e matou os profetas de Deus. Mas quando você avança para o capítulo 18 de Apocalipse, pode perceber que não são mais uma religião, mas agora são reinos, no sentido econômico, político e social. São as nações no seu poderio militar.
E diz o texto que, na mesma medida em que João é chamado para ver a queda de Babilônia, também é chamado para ver a nova Jerusalém. Na mesma medida em que a Babilônia está caindo, a nova Jerusalém está sendo glorificada. Na mesma medida em que os ímpios estão desesperados dizendo; “ai, ai, ai, caiu a grande Babilônia”, os filhos de Deus estão no céu dando glórias a Deus e ao Cordeiro.
Daniel, no capítulo dois de seu livro, representa o Reino de Cristo como uma pedra, não lavrada por mãos humanas, que vem e toca a grande imagem, cuja cabeça era de ouro, cujo peitoral era de prata, cujos quadris eram de bronze, cujas pernas eram de ferro e os dedos de ferro e barro. E esta pedra não lavrada vem e toca nos pés desta estátua e toda ela vira pó e esta estátua era um símbolo de todos os reinos do mundo que caem.
34  Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou.
35  Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras no estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra que feriu a estátua se tornou em grande montanha, que encheu toda a terra (Dn 2.34-35).
Esta pedra enche toda a terra. Vemos isso na linguagem de Habacuque:
14  Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar (Hc 2.14).
E na linguagem de Paulo:
24  E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder.
25  Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés.
26  O último inimigo a ser destruído é a morte (1 Co 15.24-26).
E em Apocalipse:
15  O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos (Ap 11.15).
Porque os reinos do mundo já passaram e o reino será do Senhor. Hoje, olha para as grandes potências econômicas, políticas e militares do planeta, são elas que governam o mundo. E quem está reinando hoje? Quem tem dinheiro, quem tem poder, quem tem arma, quem tem o meio de comunicação nas mãos, mas todos eles cairão e o reino será do Senhor.
Conclusão
A humanidade vive como que se nunca tivesse um acerto de contas no final, mas a Bíblia diz que um dia Deus chamará a Terra para o grande julgamento. Neste dia todos comparecerão ao tribunal de Deus, de Adão até o último que nascerá, para ser julgado pelo justo e sublime Juiz. Neste tempo, Deus retribuirá a cada um segundo as suas obras, e mesmo que se passe milhares de anos nossas ações não ficam no esquecimento, pois tudo está salvo nos registros de Deus. Já parou para pensar que isso acontecerá com todos nós?
Este pequeno grande livro nos projeta para o último dia, quando as cortinas da História vão se fechar, quando as nações estarão reunidas, quando os poderosos deste mundo cairão e quando todo joelho vai se dobrar perante aquele que é o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Onde você está hoje? Assentado na cadeira de juiz ou no banco dos réus? Mas o mais importante: Em qual cadeira você se assentará na eternidade? Que Deus te abençoe para que neste dia você não tenha nada a temer diante do Justo Juiz! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
Bibliografia:
Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil.

Rev. Hernandes Dias Lopes: Mensagens sobre o livro de Obadias.

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